O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Jackson Schneider, avalia que a proposta dos Estados de elevar a arrecadação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços) cobrado sobre automóveis implicará em um aumento dos preços e conseqüente redução do volume de vendas.

Schneider lembra que a atual carga tributária do País já é uma das maiores do mundo. "Um carro médio tem uma tributação em torno de 30%; com a mudança, esse índice crescerá para 36%", explica. O executivo classificou ainda a medida como inflacionária.

Schneider ressalta que enquanto o IPC subiu 5,8% no período de 12 meses encerrado em junho, os preços dos veículos aumentaram 2,7% no mesmo intervalo. "É uma medida contraproducente, praticamente um tiro no pé, já que com a venda menor de carros, o governo vai arrecadar menos, principalmente, se levarmos em consideração outros impostos, como o IPVA", afirma. Segundo ele, a Anfavea está preparando um estudo mais aprofundado dos impactos do aumento do ICMS para levar ao governo.

O executivo afirmou ainda que a medida poderá ter impacto sobre os investimentos já anunciados pelo setor. "A sensação de mudança de regras para quem acaba de anunciar investimentos é muito negativa, podendo até gerar uma redução dos aportes já programados", ressalta.

O presidente da Anfavea lembra que a cadeia automotiva (montadoras e empresas de autopeças) programam investimentos de cerca de US$ 23 bilhões para o Brasil nos próximos três anos, dos quais US$ 5 bilhões já neste ano.

A proposta de elevação da alíquota pelos Estados deve ser debatida na próxima reunião do Confaz (Conselho de Política Fazendária), prevista para setembro. O assunto já está em análise na comissão técnica do colegiado, que é formado por todos os secretários estaduais de Fazenda e representantes do governo federal.