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Carlos Mesa enfrenta primeira crise política de seu governo
Da AFP
30/01/2004 | 22:35
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O presidente da Bolívia, Carlos Mesa, tentou evitar nesta sexta-feira uma nova explosão social, depois que a Central Operária Boliviana (COB) ameaçou rebelar-se contra o Congresso, por causa dos altos salários recebidos pelos parlamentares.

Nesta quinta-feira à noite, o Congresso decidiu transferir sua sede de La Paz para outra cidade, para evitar uma nova revolta como a que derrubou há três meses o então presidente Gonzalo Sánchez de Lozada, que ainda conta com maioria na Casa.

Imediatamente depois da decisão do Congresso, Mesa dirigiu uma mensagem ao país, na qual anunciou "a absoluta garantia do Poder Executivo" de que o Legislativo vai continuar suas funções em plena segurança em La Paz, sua sede legal.

O governante convocou em seguida uma reunião com os presidentes das duas Câmaras, com o objetivo de amenizar a crise deflagrada depois que o líder da COB, Jaime Solares, ameaçou fechar o Poder Legislativo se os políticos não reduzirem seus salários.

"Vamos tirar esses 'mancagastos' (parasitas) do Congresso", disse Solares, um radical dirigente mineiro acusado de formar grupos paramilitares nos anos 80 e um dos principais atores da rebelião contra Sanchez de Lozada.

Analistas e políticos especulam que por trás desta crise esteja a "mão negra" de Sánchez de Lozada, que dos Estados Unidos estaria tentando evitar ser julgado no Congresso pela morte de civis durante a explosão social que o derrotou em 17 de outubro.

A perspectiva de que o Congresso saia de La Paz trouxe à lembrança a guerra civil, na qual essa cidade arrebatou os poderes Executivo e Legislativo de Sucre, há pouco mais de um século.

Situada a 750 quilômetros a sudeste de La Paz, Sucre já pediu nesta sexta-feira, por meio de suas autoridades, para sediar o Legislativo e retomar seu apogeu como capital da república no século XIX.

Indiferente inclusive a diversos pronunciamentos de dirigentes dos departamentos (províncias) de Tarija (sul) e Santa Cruz (leste) e Chuquisaca (sudeste), que apoiaram as pretensões de Sucre, Solares exigiu outra vez o fechamento do Congresso.

Mesa tinha afirmado nesta quinta-feira à noite que "um governo democrático, qualquer que seja (...) não pode se entender nem funcionar sem o Parlamento nacional".




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