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Crise na região chega pelas mãos das montadoras
Marcos Seabra
Do Diário do Grande ABC
24/01/2009 | 07:00
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Em agosto de 2008, quando duas grandes empresas norte-americanas dedicadas a explorar o mercado de hipotecas nos Estados Unidos quebraram e foi preciso a ajuda do governo norte-americano para continuarem a funcionar, os empregados da metalúrgica Rowamet, de Santo André, não imaginaram que, a partir de então, suas vidas iriam mudar.

Ninguém seria capaz de prever que empresas como a Rowamet seriam obrigadas a dispensar 60 de seus funcionários em função da incompetência gestora das duas empresas norte-americanas e de outros conglomerados industriais que seguiram os mesmos passos.
Durante a semana, infelizmente, boa parte das páginas de economia do Diário foi ocupada por manchetes anunciando demissões e greves. A crise chegou à região.

A indústria automobilística, espinha dorsal do emprego no Grande ABC, afirmou que sentiu o golpe e começou a dispensar ou colocar em dúvida a manutenção dos empregos em sua unidade. A GM foi o exemplo negativo. Licenciou mais de 1.600 funcionários e acabou com um de seus turnos de produção.

O setor de autopeças, reagindo a uma derrocada das montadoras, passou a também dispensar trabalhadores. A Cofap, uma das maiores do setor, demitiu mais de 400 funcionários. A Pirelli, outra tradicional integrante da cadeia automobilística, mandou embora 30 trabalhadores.

Como em uma orquestra bem ensaiada, e aproveitando a oportunidade, o empresariado nacional aumentou o volume de suas reclamações às vésperas da reunião do Copom pedindo a diminuição dos juros. Um remédio para "reagir à crise".

Os outrora aguerridos metalúrgicos - e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o diga -, correram às ruas para protestar pelas demissões. Mas o que se ouviu foi o eco dos reclamos dos empresários também exigindo a diminuição dos juros.

A crise das montadoras realmente tem relação com a crise financeira mundial? Ou se relaciona com a gestão temerosa, semelhante às duas empresas de hipotecas dos EUA?
O que importa é que, oportunistas ou não, as empresas estão cortando vagas e instalando uma crise real e sem data para acabar no Grande ABC.

 




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