Campeão brasileiro nos anos 1980 como jogador, e em 2009 como técnico pelo Flamengo, Andrade lamentou o episódio que resultou na saída de Zico da Gávea. Os dois são amigos inseparáveis desde o tempo em que formaram com Adílio um dos meio-campos mais atuantes e invejados do futebol brasileiro, pela qualidade técnica.

Na avaliação do atual técnico do Brasiliense, o RuboNegro foi o único a perder com o pedido de demissão de Zico, que não suportou a pressão por conta dos maus resultados do time e pelas acusações de dirigentes de que teria praticado manobras financeiras ilegais envolvendo o Flamengo e o CFZ, clube fundado pelo ex-jogador.

Zico negou qualquer irregularidade e acusou Leonardo Ribeiro, presidente do conselho fiscal do Flamengo, de ser responsável por pelo episódio da saída.

Maior ídolo da história do clube carioca, o Galinho foi contratado em junho para tentar reerguer a equipe após a eliminação na Copa Libertadores.

"O Flamengo tem muito a perder com a saída do Zico, por tudo o que ele representa como ex-jogador e por sua credibilidade. Ele é ídolo da maior torcida do país e foi vítima de situação política", comentou Andrade em entrevista ao Diário.

Na avaliação do treinador, apesar do ambiente conturbado no Flamengo, a crise não afetará o time no Campeonato Brasileiro.

"Vivi 20 anos lá e presenciei muitas crises. Acho que não vai passar para o campo, não. O elenco é bom e o time não correrá riscos", disse.

Por mais que tente se valer da diplomacia mineira - é natual de Juiz de Fora -, Andrade deixa escapar certa mágoa por ter sido demitido do Flamengo após a queda do time na Libertadores sob o argumento de que não teria conseguido domar os baladeiros Adriano e Wagner Love.

"O Flamengo foi minha casa por 20 anos. Devo o que sou ao clube. Infelizmente, no futebol é assim. No primeiro sinal de crise sobra para o treinador. A gente vive de resultados. Só que quando saí, tinha 73% de aproveitamento", disse, depois completou. "Mas o Flamengo agora é passado. O clube segue o caminho dele e eu o meu".

Andrade vive agora o desafio de recolocar o Brasiliense nos eixos. O técnico vem se queixando da falta de tempo para treinar por conta do curto espaço de tempo entre um jogo e outro.

"Com pouco tempo para treinar, tenho tentado acertar o time nos jogos. O grupo também está desequilibrado fisicamente, o que dificulta um pouco. No entanto, temos jogadores experientes e logo os resultados vão aparecer", imagina.