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Presos da 16ª DP do Rio rebelam-se contra superlotaçao
Do Diário do Grande ABC
30/05/1999 | 16:53
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Presos da 16ª Delegacia de Polícia (Barra da Tijuca) rebelaram-se neste domingo pela manha para exigir uma soluçao para a superlotaçao do local. Dentre os 97 detentos, estavam o irmao do jogador Edmundo, do Vasco da Gama, Luís Carlos Alves de Souza, e o filho do cantor Wando, Wanderley Júnior. Após quatro horas de negociaçao, os presos aceitaram a promessa dos policiais de que 27 deles seriam transferidos. Na verdade, todos os presos iriam deixar a delegacia, até o fim do dia, porque a rebeliao começou após uma tentativa de fuga frustrada, iniciada de madrugada, quando as grades das celas foram cerradas.

O delegado da 16ª DP, Napoleao Salgado, admitiu a superlotaçao. Segundo ele, a delegacia tem capacidade para 50 presos. "Vamos fazer uma triagem para escolher quais presos ficarao aqui e quais serao transferidos", informou o delegado.

"Mas antes teremos de reformar as celas." Ele nao soube precisar por quanto tempo a delegacia ficará vazia. A rebeliao começou por volta das 8 horas, quando o detetive Fábio Guimaraes fazia a primeira ronda do dia. Um dos presos chamou-o sob a alegaçao de que estava passando mal. Ao se aproximar, o detetive foi feito refém pelos presos, que invadiram o pátio.

Ao ver a movimentaçao no pátio, um dos seis policiais de plantao pediu reforço. Em meia hora, a delegacia foi cercada por 30 policiais militares da 7ª Companhia Independente (CIPM) e do 18º Batalhao da Polícia Militar (BPM). "O detetive é muito querido pelos presos e nao estava armado", contou o delegado. "Se nao fosse isso, a situaçao poderia ter sido pior."

Mesmo assim, o clima foi tenso durante as negociaçoes. Além de exigir transferências, os presos queriam receber telefones celulares e encontrar-se com representantes de entidades ligadas aos direitos humanos. Nao receberam os telefones e nenhum representante desse tipo de entidade compareceu ao local.

As negociaçoes foram conduzidas por detetives da Coordenadoria de Inteligência da Polícia Civil (Cinap), pelo diretor da Delegacia Metropolitana da Zona Sul do Rio (Metropol II), Rogério Marquenze, e por um voluntário. O advogado Silo Manuel Gonçalves apareceu na delegacia para oferecer ajuda aos policiais, após ouvir pelo rádio uma notícia sobre a rebeliao.

Suspeito de ser o líder do movimento, o irmao de Edmundo acabou se mostrando mais preocupado em resolver o problema. Quando as negociaçoes pareciam que iriam chegar a um impasse, ele e o filho de Wando propuseram ficar como reféns dos "colegas" em troca da liberdade do detetive. Os presos nao aceitaram a oferta. Souza está preso desde 3 de outubro por furto à casa do irmao, na Barra da Tijuca. Já Wanderley Júnior foi preso no início do ano por agressao e porte de arma.

Neste domingo, 25 presos seriam transferidos para três delegacias que tivessem condiçoes de os receber. Outros 72 iriam provisoriamente para a 10ª DP (Botafogo). Condenado por assalto, Flávio de Oliveira Rodrigues contou que aderiu ao movimento porque, há um ano, poderia ter saído da delegacia. "Fui condenado a cumprir pena em regime semi-aberto e, até agora, estou aqui", disse.

Já Juarez Rodrigues de Oliveira, preso por tentativa de homicídio e condenado a oito anos de prisao, contou ter participado da rebeliao porque gostava mais da antiga delegacia onde estava, a 14ª DP (Gávea). "Nao me conformo com a transferência porque lá as condiçoes eram melhores", afirmou.




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