Os bancários vão realizar um ato de protesto às 12h30 desta quinta-feira, em frente ao Itaú Ceic, na Zona Sul de São Paulo. A categoria afirma que o banco com maior lucro da história do sistema financeiro no Brasil não remunera seus funcionários à altura dos seus resultados e, por isso, vão lutar contra os salários pagos e a alta cobrança por metas.

O Itaú lucrou, em 2004, R$ 3,7 bilhões, com uma rentabilidade 27% superior a 2003. A velocidade astronômica de crescimento do banco fica evidenciada quando se vê que em 1994, há dez anos, seu balanço apontava lucro dez vezes menor: cerca de R$ 320 milhões.

"O problema é que o Itaú cresce numa proporção, mas seu investimento em pessoal ou na qualidade do atendimento ao cliente não cresce do mesmo jeito", afirmou o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino, funcionário do Itaú.

Para ter uma idéia, em 2003 o banco arrecadou, só com os serviços de conta corrente, R$ 1 bilhão. Em 2004 esse número chegou a R$ 1,2 bilhões. Esses valores estão incluídos na receita de prestação de serviços, as famosas tarifas, que cresceu 20,39% no mesmo período. E não adianta dizer que esse crescimento se deve ao incremento no número de clientes que no período aumentou só 2,61%. E apesar de essa receita ser gerada eminentemente pelo trabalho bancário, a remuneração cresceu bem menos: 12,08%. Pouco salário e mais trabalho, já que os recursos administrados pelo banco passaram de R$ 81,1 bilhões em 2003 para R$ 99,7 bilhões em 2004.

Para a clientela, que paga tarifas cada vez mais altas, restam as filas, visto que o banco reduziu o número de funcionários – de 43.215 em 2002, para 42.450 em 2003 e 41.786 em 2004 – e também o número de agências – de 2.321 em 2003 para 2.279 em 2004. "Os banqueiros empurram para os caixas-eletrônicos (que aumentaram de 20.021 em 2003 para 21.150 em 2004). Cada cliente, em média, pagou ao Itaú, em 2004, R$ 522 em tarifas. Valor alto para ser obrigado a realizar o próprio atendimento", ressalta Marcolino.