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Câmbio ainda é entrave para exportar
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
01/03/2010 | 07:00
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Indústrias brasileiras, de segmentos como a produção de veículos e de máquinas e equipamentos, estão preparadas para concorrerem no Exterior, por possuírem tecnologia, rede de fornecedores e processos eficientes, na avaliação de executivos desses setores.

No entanto, se vão bem ‘da porta da fábrica para dentro', as empresas nacionais têm esbarrado em dificuldades para ampliar espaço no mercado internacional, entre outros fatores, devido à valorização do real frente ao dólar.

Um exemplo de como a tecnologia brasileira é reconhecida foram declarações do presidente de operações internacionais da General Motors, Tim Lee. Em visita ao Brasil, o executivo destacou que 75% dos novos projetos brasileiros da montadora - desenvolvidos no Centro de Tecnologia de São Caetano - têm potencial para alcançar o Exterior.

Outras montadoras também possuem centros de competência no Brasil. "Nos últimos anos, as empresas avançaram, com ganhos de competitividade, integração de processos com a cadeia de fornecedores e fábricas moderníssimas", cita o presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Jackson Schneider.

Entretanto, o dirigente salienta que, ‘da porta da fábrica para fora', há diversos problemas (por exemplo, carga tributária elevada e deficiências logísticas do País), e a valorização do real - o dólar na faixa de R$ 1,80 - ajuda a evidenciar essas dificuldades estruturais do Brasil.

"Agora com o dólar caindo, as ineficiências afloram", avalia Schneider, que participou na última semana de seminário sobre competitividade do produto nacional no mercado externo organizado pela editora Autodata.

Tributação - Schneider cita que um dos entraves estruturais à competitividade nacional é o sistema tributário. O dirigente não se refere apenas à elevada carga de impostos, mas também ao processo arrecadatório, que exige estrutura de custos pesada nas empresas. "Só o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) têm 37 procedimentos diferentes e as obrigações acessórias são muito onerosas", explica.

O conselheiro do Sindipeças (Sindicato Nacional das Indústrias de Peças e Componentes Automotivos), Flávio Del Soldato, acrescenta que a demanda internacional, atualmente, também não encoraja as fabricantes a direcionarem seus esforços no Exterior. "Mas somado a esse fato, há a questão do câmbio, a logística que não atende às nossas necessidades e o custo da mão de obra", afirma.

Vendas externas devem crescer, mas de forma modesta
A indústria nacional tem a perspectiva de melhora no mercado externo neste ano, embora as projeções sejam cautelosas. A meta da Anfavea, por exemplo, é que as fabricantes registrem crescimento de 11% em valores (para somarem US$ 9,2 bilhões com encomendas a outros países). Isso depois do tombo de 40% em 2009 frente ao ano anterior.

No entanto, a retração na demanda lá fora e o real valorizado - que tira competitividade do produto nacional - não anima os executivos do setor. O presidente da GM na América Latina, Jaime Ardila, afirma que não vai investir nas exportações neste ano, por causa da falta de rentabilidade dessas operações. A companhia prevê embarcar em torno de 50 mil unidades a outros países. um pouco acima do volume de 2009 (35 mil), mas bem menos que as 100 mil unidades exportados em 2008.

A fabricante de pneus Bridgestone também sente uma melhora na demanda internacional. Segundo o vice-presidente comercial da Bridgestone, Alfonso Zendejas, a empresa registrou queda de 20% nas exportações em 2009 e agora, neste ano, já vê sinais de recuperação, embora não nos níveis de 2008.

Máquinas - Fabricantes de máquinas ainda patinam nas exportações neste ano. Em janeiro, as vendas ao Exterior ficaram 31,3% menores em relação ao mesmo mês de 2009, de acordo com dados da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos). No entanto, os contratos de produção normalmente são para entrega (e faturamento) depois de vários meses, e há sinais de que que a demanda vai melhorar. A B.Grob, de São Bernardo, informa que tem pedidos da matriz, da Alemanha, para fazer máquinas para a China. "Estamos segurando, para darmos preferência aos clientes no Brasil". afirma o presidente da subsidiária brasileira, Michael Bauer.

A pequena Brademaq, de Santo André, também observa que começam a entrar orçamentos e novos pedidos. "Estamos com uma encomenda para o Uruguai", assinala o diretor administrativo Jorge Bramante.




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