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Crise do café leva agricultores a cultivarem coca
Das Agências
16/08/2001 | 11:44
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A queda da cotação do café ao nível mais baixo dos últimos 30 anos começa a se tornar uma catástrofe social para os países produtores e incentiva os pequenos agricultores sul-americanos a optar pelo cultivo da coca, advertem especialistas.

"Na Colômbia, é um grande problema", lamenta Pablo Dubois, responsável pelas operações da Organização Internacional do Café (ICO, sigla em inglês). "Eles (produtores) se dão contam de que o café não é rentável e, evidentemente, existe a tentação de passar a produzir cocaína", explica.

Para Roberio Silva, secretário-geral da Associação de Países Produtores de Café (ACPC), certos países da América Central e o Peru também estão enfrentando problemas.

A queda ininterrupta dos preços do café desde o verão de 1999, quando o tipo robusta valia 1.300 dólares/tonelada, constitui um verdadeiro desastre para milhões de pequenos produtores que já não conseguem sequer cobrir o custo da produção.

O tipo robusta caiu até os 448 dólares a tonela este verão, o que equivale a menos de meio dólar o quilo, uma cotação que não era registrada desde o mínimo histórico em Londres de 444 dólares em 1965.

Ningúem se salva da crise. Na América Central, cerda de 1,5 milhão de empregos estão ameaçados e muitos agricultores vão para exterior, segundo responsáveis locais.

Na Etiópia, berço do café, a receita com as exportações de café, que representa 60% da entrada de divisas, caiu mais de 30%. Os produtores permanecem estranhamente silencioso diante das dificuldades, contentando-se com seu calendário de três reuniões por ano na sede londrina da ACPC.

"É surpreendente ver que a queda dos preços continua e não provocou convocação de reunião urgente", considerou Andrea Thompson, analista do site Commodityexpert.

De fato, os membros da ACPC esperaram muito tempo que seu plano de retenção das exportações, que teoricamente entrou em vigor em outubro de 2000, desse frutos. O Brasil, prudente, armazenou 2,9 milhões de sacos. "Entretanto, não houve retenção", ressaltou Andrea Thompson.

Alguns alimentaram durante os últimos anos a esperança de que uma forte geada reduzisse o excedente brasileiro. Mas o inverno se mostrou clemente com o principal produtor mundial e colheita a 2002-2003 pode alcançar as 40 milhões de bolsas.

Sendo assim, chegou a hora das dificuldades para os produtores. "E eles não podem fazer como os que negociam petróleo, que simplesmente fecham a torneira. A arbusto do café vive entre 20 e 30 anos e sua produção é incontrolável", afirmou Andrea Thompson.

Existem só duas opções dolorosas para diminuir a oferta: cortar as árvores ou destruir o café.




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