Economia Titulo Maus pagadores
Inadimplência geral recua, mas no
crédito para veículos tem recorde

Atrasos nos financiamentos de automóveis atingem
R$ 10 bilhões, o que corresponde a 5,7% do total

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
26/04/2012 | 07:00
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A curva da inadimplência mudou. Os atrasos, por mais de 90 dias, nas operações de crédito dos consumidores no Sistema Financeiro Nacional passaram de 7,6%, em fevereiro, para 7,4% em março. Mas uma das modalidades não seguiu o mesmo caminho. Mais uma vez, os financiamentos de veículos atingiram o maior patamar histórico de inadimplência, com 5,7%.

Em valores nominais, a inadimplência dos consumidores nestas operações atingiu R$ 10,05 bilhões. Esse montante representa 5,7% de todo o estoque de crédito da modalidade, de R$ 177,24 bilhões.

Os atrasos entre 31 e 90 dias representaram R$ 8,81 bilhões, fatia de 5% sobre o total emprestado na modalidade. E de 15 a 30 dias, representaram R$ 6,3 bilhões. Portanto, 85,8% do total de financiamentos de veículos nas mãos dos consumidores, R$ 152,25 bilhões estavam sem atraso em seus pagamentos.

Na contramão, os novos contratos subiram. Ao todo, os bancos e financeiras concederam R$ 7,77 bilhões em março. A expansão em relação ao mês anterior foi de 13,12%. Sobre o mesmo período de 2011, o resultado foi 3,86% menor.

Entre janeiro e março, os bancos e financeiras concederam R$ 22,4 bilhões, com média diária de R$ 355 milhões. Ou seja, dinheiro o suficiente para que as famílias comprassem cerca de 14 mil carros populares. Mas em relação ao primeiro trimestre de 2011, houve diminuição de 5,94% no volume total concedido.

Os consumidores que realizaram essas operações aproveitaram juros mais atraentes, tendo em vista que a taxa média passou de 2,01% para 1,98%, na comparação mensal. Mas esse resultado não considera as novas taxas de juros dos principais bancos de varejo.

As informações são do boletim de operações de crédito do BC (Banco Central). A autoridade monetária publicou ontem os resultados de março.

Nas vendas de carro, os dados apresentados ontem pelo BC já eram nítidos. Conforme a equipe do Diário revelou, muitas concessionárias tiveram reduções em seus resultados por causa do posicionamento dos bancos. As instituições elevaram as restrições por causa da inadimplência em alta.

O primeiro trimestre foi marcado pela primeira queda desde 2003 nas vendas de carros, no País, em relação ao mesmo período do ano anterior. Ao todo, foram licenciados 818,4 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus de janeiro a março, recuo de 0,8%.

MUDANÇAS - Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil foram os pioneiros na redução de juros. As instituições reduziram várias taxas, mínimas e máximas, como o cheque especial, cartão de crédito e o próprio financiamento de veículos. As mudanças ocorreram entre a primeira e segunda semana de abril.

Alguns dias mais tarde foi a vez do HSBC, Banrisul, Santander, Itaú Unibanco e Bradesco. Todos bancos privados que tentaram resistir à pressão dos públicos, mas acabaram surfando na onda da redução das taxas. Ontem foi a vez do Citi Bank apresentar novos juros aos clientes pessoas físicas. E a Caixa reduziu suas taxas do crédito imobiliário.

 

Saldo tem alta de 18% e especial lidera concessões

 

O saldo de crédito no País cresceu 18% em março. O total emprestado no mês era de R$ 2,06 trilhões. No mesmo período do ano anterior estava em R$ 1,75 trilhão.

As empresas foram responsáveis pela maior fatia. Segundo o boletim de operações de crédito do BC, o estoque de empréstimos com as companhias era de R$ 1,09 trilhão, acréscimo de 16,1% na comparação anual.

Mas os consumidores não ficaram muito atrás. Foram responsáveis por R$ 970,3 milhões, incremento de 20,3% sobre o terceiro mês de 2011.

Apenas por meio de recursos livres, empréstimos não vinculados a programas sociais e governamentais, o saldo desse grupo atingiu R$ 665,3 milhões, expansão anual de 15,5%.

O restante, R$ 305 milhões, é de recursos direcionados, como os financiamentos de imóveis do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e do Minha Casa, Minha Vida.

CONCESSÕES- Pelos números apresentados pelo BC, a situação das famílias brasileiras é de emergência financeira. Isso porque as duas modalidades mais utilizadas foram o cheque especial e o cartão de crédito, as mais caras do mercado e de fácil contratação, ou seja, emergenciais.

 

O cheque especial continuou como o líder em concessões em março. Segundo o BC, os consumidores contrataram R$ 27,18 bilhões pela modalidade, o que representou 33,9% dos novos contratos do mês. Quem utilizou a operação demorou, em média, 22 dias para pagá-la. A inadimplência atingiu 10,6%, alta de um ponto percentual sobre fevereiro. E os juros médios passaram de 9% para 9,1% ao mês.

O cartão de crédito foi a segunda modalidade mais utilizada. As novas operações atingiram 28,2% das concessões do mês, ou R$ 22,5 bilhões. O prazo médio de liquidação desta dívida ficou em 35 dias. O BC não publica a inadimplência da operação.




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