Economia Titulo Seu bolso
Material escolar sobe seis vezes mais do que a inflação

Em comparação ao início do ano passado, cesta com 17 itens ficou 28,9% mais cara na região

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
12/01/2020 | 07:11
Compartilhar notícia
Claudinei Plaza/DGABC


A compra do material escolar é uma despesa já esperada pelas famílias no início do ano. Porém, é preciso ficar atento à variação de preços entre os itens, que pode chegar a até 1.325,71%, caso da borracha branca. Além disso, considerando os produtos mais baratos de cada estabelecimento, preço médio de lista com 17 itens pesquisada em seis estabelecimentos da região está até 28,9% mais cara do que no ano passado. Significa mais do que seis vezes a variação da inflação oficial, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que encerrou 2019 aos 4,31%.

Em janeiro de 2019, cesta com 17 itens, entre apontador, borracha, caderno, caixa de lápis de cor com 12 unidades, entre outros, saía a partir de R$ 60,97. Neste ano, o mesmo combo custa a partir de R$ 78,59, ou seja, R$ 17,62 a mais.

A pesquisa foi feita pelo Diário em seis papelarias da região – Armarinhos Fernardo, Miamor, Mais Valdir, Nivalmix, Lojas Americanas e Lojas Mel. Os preços dos objetos foram coletados em todos os estabelecimentos e, a partir de então, foram feitas duas listas, uma com os itens mais caros, e outra com os mais baratos de cada local.

Uma das possibilidades que justifica esse aumento é que, em tempos de crise, o consumidor tende a buscar por itens mais baratos. Porém, como a demanda foi forte no ano passado, neste ano os fabricantes podem ter elevado os preços a fim de recuperar margem perdida. Para o coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, também “pode ser que algum item importado, que tenha sofrido impacto do câmbio (que disparou em 2019), ou matéria-prima, que teve alta, tenha impactado todo o custo de produção”.

Outra hipótese, segundo Balistiero, pode ser a recomposição de margem dos comerciantes em relação aos pais que deixam para fazer essas compras em janeiro. “Quem fez em dezembro pode ter conseguido pagar menos”, disse.

A diferença entre as duas listas é de 300,7% ou R$ 236,32, já que a com produtos mais caros sai por R$ 314,91. Apesar disso, os itens de maior preço tiveram redução de 3,71% em relação ao ano passado, já que, anteriormente, o conjunto saía por R$ 327,05 – diferença de R$ 12,14.

O produto que mais variou percentualmente entre as lojas foi a borracha branca (não necessariamente o produto da mesma marca e do mesmo modelo) que podia ser encontrada a partir de R$ 0,35 até R$ 4,99, ou seja, diferença de 1.325,71%.

Mas, no bolso do consumidor, o que mais pode pesar é o fichário. Modelo mais simples custa R$ 29,99, porém, um com personagem e zíper saia por R$ 129,99, ou seja, R$ 100 a mais. O mesmo acontece com objetos como tesoura sem ponta, que variam de R$ 1,40 a até R$ 12,99, e os cadernos de brochura e capa dura pequenos, que custam a partir de R$ 1,60, podendo chegar a R$ 12,90, e universitários, de R$ 5,99 a R$ 24,99, sendo que os produtos mais caros são de personagens.

“Os itens que apresentam valores maiores são sempre os licenciados e que estão mais em evidência”, afirmou o gerente da loja do Armarinhos Fernando do Centro de Santo André, Alexandre Vital, que destacou que os produtos com personagens e personalidades estão entre os mais procurados. “O movimento de consumo de lista de material escolar tem sido boa desde o começo do ano, porém, os brasileiros deixam as compras para mais próximo do início das aulas”, destacou ele, pontuando que a expectativa no faturamento da unidade é de aumento de 7% com o período.

As papelarias já estão cheias de famílias, e principalmente, mãe e filhos. É raro ver somente os adultos fazendo esse tipo de compra, mas é exatamente isso o que os especialistas aconselham como melhor opção na hora da economia (leia mais dicas abaixo).

Caso da cozinheira Sueli Farias, 51 anos, moradora de São Matheus, em São Paulo, e que preferiu fazer compras em Santo André. Ela trouxe Eduardo, de 8 anos, para escolher. “Já fiz as compras sozinha e ele não gostou, então preferi trazê-lo junto neste ano. Aqui tem bons preços e também dá para optar por kits com borracha e caneta, por exemplo, que saem mais em conta.”

“As compras não devem ser feitas com as crianças porque, muito provavelmente, elas vão se sentir atraídas pelos personagens que estão em evidência. E as empresas fabricantes vão cobrar por isso”, disse Balistiero.


Especialista orienta que famílias aproveitem produtos de casa

Além de não levar as crianças na hora das compras, muitas dicas podem ajudar os pais a economizar na hora das compras. De acordo com o especialista em finanças pessoais do canal do YouTube Dinheiro À Vista, Reinaldo Domingos, a família pode começar reunindo tudo o que pode ser aproveitado do ano anterior, inclusive envolvendo as crianças.

“Os materiais realmente estão mais caros do que no ano passado. Se a gente considerar que o dissídio para os salários ficou na média de 3% ao ano, e que custos como serviços, incluindo material escolar e padaria, por exemplo, aumentam na média de 15% a 20% por ano, temos um aumento de 75% em cinco anos no custo de vida, é uma conta que não fecha”, afirmou o educador financeiro.

Segundo ele, o primeiro passo é reunir a família com a lista em mãos. “Junto da criança, é possível fazer um ‘caça material escolar’ e reduzir os custos de 10% a 50%, e até eliminar alguns tipos de produtos. Cada item diluído na lista é um dinheiro que vai sobrar para sonhos, que podem ser viagem ou brinquedo. É preciso que haja uma troca do consumo menor em relação a algo, como videogame novo no futuro, por exemplo.”

Após isso, ele indica a cotação dos produtos necessários na internet e também em lojas físicas. Como isso exige disposição, o ideal é não levar as crianças, que também podem escolher os ‘temidos’ itens de personagens. Vale ressaltar que, conforme a equipe do Diário notou, há produtos do ano passado com preços mais atrativos.

É nessa hora que entra a negociação. “Posso pegar a maioria dos produtos que estão baratos numa loja e falar que dez deles estão mais baratos na loja vizinha, e se o comércio topa cobrir o preço. Se o consumidor não tem o dinheiro à vista, ele pode parcelar em três, cinco e até dez vezes, mas tem que ter segurança de que pode arcar com as parcelas”, alertou Domingos.

Outra forma de economizar é fazer compra coletiva com outros pais, já que os produtos por atacado tendem a sair por preços menores. Nas compras pela web é necessário ficar atento ao valor do frete.  




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;