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Canteiro de obras na selva vira destino turístico
Eliane de Souza
26/04/2012 | 07:27
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O que a princípio pode parecer um verdadeiro programa de índio ou agenda de engenheiros e ambientalistas se tornou roteiro de viagem turística: visitar o canteiro de obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, na Amazônia. O pacote para o município de Altamira, no Pará, batizado de Xingu e Belo Monte, está sendo oferecido pela operadora paulista Aoka. O pacote já tem saídas agendadas para junho e julho e custará R$ 1.980 por pessoa, sem as passagens aéreas.

A proposta é fazer uma imersão no maior projeto do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e símbolo do novo desenvolvimentismo nacional. A usina, um investimento de US$ 11 bilhões, em meio à Amazônia, desperta ataques e defesas apaixonadas e, por isso, chamou a atenção dos sócios da Aoka, focada em roteiros de ‘viagens sustentáveis'.

"Belo Monte é considerada uma hidrelétrica modelo e vai influenciar a política energética do País. Muitos apontam o dedo contra ou a favor, mas sem embasamento. Ir até lá é mais importante do que ficar apenas fazendo comentários no Facebook", diz Daniel Contrucci, um dos fundadores da agência, especialista em negócios sociais e ex-voluntário do Greenpeace Brasil.

O roteiro está longe do tradicional ‘praia, sombra e água fresca' desejado por 90% dos mortais. Em quatro dias na cidade de Altamira, no Pará, estão programados encontros com representantes da Funai (Fundação Nacional do Índio), estudiosos da Universidade Federal do Pará, ativistas do ISA (Instituto Socioambiental) e do movimento Xingu Vivo, que reúne organizações contrárias ao projeto.

Depois de muita insistência, a Aoka conseguiu também negociar uma visita ao canteiro de obras e à primeira barragem da usina com o Consórcio Construtor de Belo Monte, representante da futura operadora da usina hidrelétrica, a Norte Energia.

Os visitantes também serão recebidos por moradores da região, diretamente atingidos pela construção. Localizadas às margens do Rio Xingu, as aldeias indígenas de Paquiçamba e Arara de Volta Grande correm o risco de perder a proximidade com o rio, que terá seu curso desviado.

Para Contrucci, as questões-chave da viagem são: "Será Belo Monte a melhor opção para gerar energia para o Brasil? A construção está respeitando os direitos humanos da população local?".

"Queremos gerar conhecimento e despertar um olhar para o que de fato está acontecendo. A ideia é que os participantes passem isso para frente depois", diz.




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