Diarinho Titulo
Ajudar está sempre em alta
Por Marcela Munhoz
20/12/2009 | 07:07
Compartilhar notícia


Está cansado de olhar para o que há de errado e injusto e não fazer nada? Que tal começar a mudar? O Natal é uma boa época, mas tem quem faça isso o ano todo. São os voluntários que se comprometem a ajudar quem precisa ou a defender uma causa, sem ganhar nada em troca. Sara Menegueli Silva, 16 anos, de São Caetano, diz que não precisa ter motivo para fazer o bem. "Fico feliz de saber que deixo alguém feliz."

Na infância, começou a arrecadar doações de roupas e brinquedos. Depois, sentiu necessidade de participar mais e entrou no grupo da igreja. "Visito asilos e ajudo a fazer as festas das crianças. É bom ver que estou fazendo a diferença, principalmente para alguém que, muitas vezes, só precisa ser ouvida." Sara lembra que muitas vezes as pessoas não colaboram porque falta incentivo. "Mas se cada um fizer um pouquinho, o mundo vai ser melhor."

O mesmo pensa Heitor Brino Martins, 15, de Santo André, que participa do Rotary Kids e está sempre engajado em algum projeto social, como o McDia Feliz. "A sensação é muito boa. Por mais que alguém faça algo só no Natal, é melhor do que nada. Mas tudo tem de ser feito de coração, com boa vontade", reforça.

Heitor destaca que é preciso responsabilidade e disciplina. "Depois de se comprometer a fazer algo, não pode desistir de jeito nenhum. Os outros contam com isso." Ele garante que basta começar para não querer parar: "É incrível".

Garante ponto positivo no currículo

Cada vez mais as empresas, principalmente as maiores, valorizam candidatos que têm características comuns a quem pratica voluntariado. "Na hora da seleção, quem contrata vai optar por quem se importa com o outro, exerce a cidadania e puxa para si a responsabilidade", explica Nismenia Cardoso, psicóloga e vice-presidente de desenvolvimento sustentável da Associção Brasileira de Recursos Humanos. Segundo a profissional, candidatos que são voluntários também têm mais facilidade para liderar e trabalhar em equipe.

Nismenia esclarece que um voluntário de verdade é aquele que dedica tempo, talento e trabalho para uma causa. "Doações são bem-vindas, mas é preciso mais. Trabalho voluntário é ser agente de transformação, é catequizar. É mais do que reclamar, é fazer a sua parte."

Vida voltada à solidariedade

Quando tinha 8 anos, Felipe Sollito Ventura, 18, de São Paulo, resolveu tomar uma atitude. Ele pediu para os pais depositarem os R$ 75 em moedas do seu cofrinho na conta da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), depois de ver a campanha no Teleton promovido pelo SBT, desde 1998. "Acabei no palco com a Hebe e o Silvio Santos. Lá me comprometi a ajudar com palestras sobre solidariedade nas escolas. Até hoje arrecado dinheiro e vou lá entregar", conta o garoto, que conseguiu reunir R$ 16,5 mil neste ano entre familiares e amigos.

Da iniciativa de Felipe, surgiu a campanha Corrente do Bem, em que escolas do Brasil inteiro, todos os anos, recebem um cofrinho para ajudar. Foram arrecadados R$ 660 mil em 2009. "Muita gente quer ajudar, mas não sabe como. Fico impressionado, principalmente, com as crianças. É muito animador", diz. Ele já recebeu a sugestão de usar o dinheiro da campanha em benefício próprio. Quando ouve esse absurdo, responde rápido: "Esse dinheiro é para comprar braços, pernas e uma vida melhor para muita gente. Eles dependem disso."

FREE THE CHILDREN - Craig Kielburger, 22 anos, do Canadá, também é referência quando o assunto é jovens que se preocupam em transformar o mundo. Com 12 anos, ele fundou a organização Free the Children para lutar pelos direitos de crianças e adolescentes. O sonho de Craig é que todos sejam ouvidos e tenham seus direitos garantidos. Ele já recebeu vários prêmios por sua iniciativa, entre eles o Prêmio das Crianças do Mundo pelos Direitos da Criança (WPCR). É possível fazer doações para o trabalho que ele desenvolve e obter informações no site www.freethechildren.com

Como ser voluntário

Para ajudar o outro não importa a idade nem a escolaridade, é só uma questão de vontade. De acordo com a Lei do Voluntariado, de 1998, trabalho voluntário é "a atividade não remunerada, prestada por pessoa física à entidade pública de qualquer natureza ou à instituição privada sem fins lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social." De acordo com a mesma lei, o voluntário se compromete a assinar um termo de adesão e compromisso.

É possível receber menores de 18 anos como voluntários, desde que não se caracterize relação de trabalho. É recomendável, além do termo de adesão, autorização dos pais.

Para facilitar a interação entre as ONGs que precisam de ajuda e voluntários, foram criados diversos sites, que funcionam como os de recrutamento para trabalho. O interessado preenche um cadastro do qual as organizações têm acesso. "O site é um elo, uma ferramenta", diz Vanessa Aguiar, gerente do Instituto Voluntários em Ação, que coordena o www.voluntariosonline.org.br

Há 16 mil cadastrados para 377 ONGs, que também recebem ajuda on-line. "Em algumas, não é preciso estar presente. Tem gente que escreve textos, faz logomarcas, presta assessoria jurídica, tudo pela internet."

Outra opção é o intercâmbio voluntário, em que é possível conviver com uma outra cultura, estudar e ainda colaborar em favor de alguma causa. Equador, Peru, África e Índia são alguns dos destinos mais procurados. Esse tipo de programa cresceu três vezes nos últimos dois anos.

Confira dicas

- Voluntariado não tem e não deve ter nada a ver com chatice e obrigação. Também não deve ser uma saída para se sentir menos culpado por alguma coisa. Deve ser espontâneo e prazeroso, com objetivo de ajudar os outros sem querer nada em troca. É uma opção.

- A toda hora e em todos os lugares tem sempre alguém precisando de ajuda. Na hora de escolher o que fazer, aproveite as habilidades e dons. Se leva jeito com as crianças, brinque com elas; se gosta de ouvir os mais velhos, opte por visitar asilo; se é fera em internet, encarregue-se dessa área. Tem trabalho para todos.

- Trabalho voluntário exige responsabilidade, comprometimento, qualidade e continuidade. Não adianta começar um projeto e parar no meio porque cansou. Também não dá para fazer de qualquer jeito. A partir do momento que decide ajudar, vá até o fim. Afinal, tem muita gente envolvida nisso.

- Não sabe por onde começar? Basta olhar em volta e dar o primeiro passo. Levante as instituições perto de sua casa, como creches e asilos. Entre em contato com a direção e pergunte se precisa de ajuda. Arrecade brinquedos, roupas, comida. Olhe no seu armário e faça uma boa limpeza.

- Quanto mais gente, mais força tem o trabalho. Não adianta querer fazer tudo sozinho. Reúna amigos ou familiares. Veja o que cada um pode fazer e divida as tarefas.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.

Mais Lidas

;