Dois mecânicos da TAM que fizeram reparos no Airbus A320 pouco antes do acidente foram ouvidos nesta quarta-feira pela Polícia Civil. Um dos funcionários afirmou que realizou uma inspeção na parte externa da aeronave no dia do desastre. Ele não teria constatado nenhuma anormalidade e liberou o avião para vôo.

O funcionário afirmou que chegou a ser informado por pilotos que, durante partida em Confins (MG), o motor esquerdo apresentou 300°C de temperatura, o que é considerado um pouco acima do normal, comparada a outras partidas. De acordo com o mecânico, o manual da aeronave afirma que o motor pode atingir até 715°C.

Segundo ele, toda vistoria sempre começa com uma conversa com o piloto, que informa se o avião apresentou ou não algum problema. O funcionário explicou que, caso uma aeronave tenha que pinar o reverso, o problema sempre é repassado à chefia.

O mecânico responsável pela inspeção na parte interna da aeronave afirmou que a tripulação do Airbus o informou sobre a temperatura um pouco acima do normal. Segundo ele, o piloto afirmou que após atingir os 300°C, o fluxo de combustível se normalizou, e o computador responsável pelo gerenciamento do motor esquerdo apontou que tudo funcionava normalmente.

O funcionário confirmou que na data da inspeção o reverso direito estava pinado, mas afirmou que isso não é algo que impeça a liberação da aeronave. De acordo com ele, este é um procedimento normal previsto no manual do fabricante do Airbus. O mecânico chegou a afirmar que alguns comandantes de aeronaves reclamavam que a pista principal do aeroporto de Congonhas (SP) ficava escorregadia quando chovia.

Os dois funcionários deram seus depoimentos para colaborar nas investigações sobre o acidente do dia 17 de julho deste ano, quando um Airbus A320 da TAM se chocou contra o prédio da TAM Express no aeroporto de Congonhas, deixando 199 mortos.