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Carne bovina de 1ª dispara e encarece cesta básica na região

Proteína está 12,6% mais cara no Grande ABC, seguindo tendência nacional de acréscimo do item

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
28/11/2019 | 07:03
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Denis Maciel/DGABC


A disparada do preço da carne bovina vista no País se configurou no Grande ABC. Neste mês, a proteína ficou 12,6% mais cara ao consumidor na comparação com outubro. O item puxou para cima o valor da cesta básica, que cresceu 2,04% – ou R$ 12,45 –, passando para R$ 623,46.

Os dados são de pesquisa da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), que considera a cotação de 34 itens, baseado no consumo de uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças. Em outubro, a cesta custava R$ 611,01. Em janeiro, R$ 595,16.

Além da carne bovina de primeira qualidade (o corte cotado é o coxão mole) – que custava R$ 24,13 na primeira semana de novembro e na última saiu por R$ 30,94 –, a de segunda (acém) registrou aumento de preços. Ela foi o segundo item da cesta que mais encareceu em relação a outubro, passando de média de R$ 16,42 para R$ 18,04, ou seja, aumento de 9,82%.

De acordo com o engenheiro agrônomo responsável pelo levantamento, Fábio Vezzá De Benedetto, há interferência do câmbio e dos aspectos climáticos no preço final do produto. “O longo período de estiagem faz o pasto ficar muito ruim. Com isso, há necessidade de suplementar o rebanho com ração, já que o gado tem que ganhar peso para ser abatido. Com o dólar alto, a ração sobe diretamente, já que a soja, o milho e o próprio boi gordo são commodities (bens classificados como matérias-primas e que têm o preço determinado pela oferta e procura internacional)”, afirmou.

Somado a isso, houve aumento das exportações de carne bovina para a China pelos frigoríficos brasileiros. O país asiático tenta preencher a lacuna com a proteína, já que sofre com a peste suína africana. “Basicamente esses três motivos, aliados a mais um: a chegada do fim do ano, com o pagamento do 13º salário e a realização de churrascos por empresas e trabalhadores, pressionam os preços”, disse Benedetto.

O frango, que seria opção para o consumidor fazer substituição da mistura nas refeições, também sofreu alta no mês. Com média de R$ 6,85 o quilo, o preço da ave cresceu 3,2% em relação ao último mês. “O custo do frango é basicamente influenciado pelo dólar, que impacta também no preço do milho. É um movimento que lembra uma bola de neve”, analisou Benedetto. Além das carnes, o feijão teve aumento de 9,43% (veja mais na arte ao lado).

Para o especialista, para economizar, o consumidor deve optar por consumir mais legumes e verduras, já que os preços desses itens estão em queda. Por exemplo, a batata, que teve queda de 10,6% e sai por média de R$ 3,04 o quilo.

A dona de casa Edna Aparecida Cucato Wyk, 54, moradora do bairro Valparaíso, em Santo André, está diversificando o cardápio. “Como a carne está muito cara, eu não cheguei nem perto. E olha que eu pesquiso muito, mas ontem (anteontem) no mercado eu peguei lombo suíno e paguei R$ 20 em dez bifes. Eu já não costumo comer carne todo dia e agora venho fazendo outros pratos, como omelete de atum ou queijo.”

Petrobras reajusta gasolina; dólar segue alto

A Petrobras anunciou o reajuste de 4% no preço da gasolina nas refinarias. Com isso, o litro do combustível na região, que na última semana estava na média de R$ 4,20, deve chegar a R$ 4,32, de acordo com fontes do setor.

O dólar também voltou a subir, apesar da atuação do Banco Central. A moeda norte-americana fechou ontem em nível recorde, encerrando o dia a R$ 4,259, com alta de R$ 0,019 (0,44%), a maior cotação desde a criação do real em valores nominais, sem considerar a inflação.

Na semana passada, a Petrobras já havia aumentado o preço do combustível em 2,8%. De acordo com o Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABCDMR), a previsão é a de que até amanhã todos os postos de combustíveis já estejam com a gasolina com reajuste.

“A Petrobras tem política de valorização de preços, que se chama realidade tarifária. Então depende muito de insumos importados. E, em um momento como este, acaba desequilibrando o mercado”, afirmou o economista e coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero.

DÓLAR
O mercado de câmbio teve um dia tenso. No início da tarde, o dólar encostou em R$ 4,27, o que levou o Banco Central a fazer um leilão de venda direta de dólares das reservas internacionais. A autoridade monetária não divulgou o quanto foi vendido, apenas que o leilão envolvia a venda de pelo menos US$ 1 bilhão.

Com o resultado de ontem, o dólar acumula alta de 6,22% em novembro. Nas últimas semanas, a moeda tem subido em meio a questões políticas no Brasil e à continuidade das tensões comerciais entre Estados Unidos e China.  




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