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Colômbia: 450 paramilitares entregam armas
Da AFP
25/11/2004 | 13:59
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Um total de 450 paramilitares entregam suas armas nesta quinta-feira, no início de um processo que desmobilizará, antes do fim do ano, cerca de 3 mil membros das AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia), cujo líder máximo, Salvatore Mancuso, teve a extradição autorizada na véspera pela Suprema Corte de Justiça.

Mancuso anunciou na noite de quarta-feira que, apesar de o tribunal autorizar sua extradição para os Estados Unidos, ele continuará no processo e encabeçará o ato em que os membros do chamado Bloco Bananeiro entregarão ao governo cerca de 300 armas no município de Turbo, noroeste de Bogotá, região de Urubá.

A decisão da corte também inclui o desaparecido ex-chefe paramilitar Carlos Castaño e o chefe guerrilheiro das Farc, 'Simón Trinidad', todos acusados de narcotráfico.

Vários membros do Bloco Bananeiro são ex-rebeldes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e do ELP (Exército Popular de Libertação), que sofreu uma grande desmobilização em 1991.

Esse desarmamento, que será realizado sob a verificação da OEA (Organização de Estados Americanos), tem grande importância pelo papel que o Bloco Bananeiro teve na violenta luta territorial travada nos anos 90 pelas AUC e Farc e que provocou o recuo da guerrilha em Urubá, considerado um corredor estratégico para o tráfico de armas e drogas.

Com o desarmamento, os habitantes de Urabá temem uma volta das Farc à região.

"O que estamos buscando é que a Força Pública ocupe todos os territórios deixados pelas AUC e haja um plano de contingência que começará a operar imediatamente", explicou Jaime Fajardo, assessor de paz nessa região.

Os paramilitares, concentrados desde o final de semana numa fazenda de Turbo, serão reintegrados à vida civil no mais tardar em 10 de novembro, com exceção dos envolvidos em delitos graves, que serão levados para um lugar especial ou para Santa Fe de Ralito (norte), sede do diálogo com as autoridades desde julho passado. A situação dos infratores ficará sujeita à aprovação de um projeto de lei que estabelece penas alternativas que o governo deverá apresentar em breve ao Congresso.

A desmobilização em Urabá acontece exatamente um ano depois do desarmamento de 868 paramilitares em Medellín (capital de Antioquia), um processo muito questionado, ainda mais depois que o governo admitiu que apenas 30% desses homens eram combatentes e o resto delinqüentes comuns.

O diretor para as Américas da organização Human Rights Watch, José Miguel Vivanco, declarou que experiências como essas não devem se repetir, mas o prefeito de Medellín, Sergio Fajardo, destacou que o desarmamento, entre outros fatores, permitiu a redução de homicídios na cidade de 50 para cada 100 mil, num total de 2 milhões.

As AUC se comprometeram a desmobilizar todas suas estruturas – 20 mil efetivos - antes de 2006.




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