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MP analisa irregularidades em eleição de conselho tutelar

Documento aponta problemas com urnas usadas no pleito e apoios de igreja e partidos

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
05/11/2019 | 07:00
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Depois de Santo André e Diadema, foi a vez de São Bernardo ter a lisura da eleição para conselheiros tutelares, realizada em 6 de outubro, questionada. Grupo de candidatos que não se elegeram protocolaram, no início do mês, no MP (Ministério Público) e no CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) documento que lista série de supostas irregularidades, como a oscilação do sistema desenvolvido pela Prefeitura, que ocasionou filas e desistência de eleitores, ausência de fila preferencial e acessibilidade nos locais de votação, vans e ônibus patrocinados por igrejas para transporte de eleitores, entre outras situações. No entendimento do grupo, a eleição deveria ser refeita.

O professor de educação física Edvaldo Olegário de Almeida, 49 anos, assinou o documento e explicou que os questionamentos não têm motivação de revanchismo, mas que o processo de escolha “está cercado de irregularidades”. “Quem acompanhou o pleito viu que a cidade não estava preparada para a eleição”, acusou.

Segundo Almeida, as urnas eletrônicas utilizadas não eram as do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), e sim computadores com um programa elaborado pelo próprio departamento de informática da administração municipal. “Participamos de inúmeras reuniões, onde garantiram que não haveria problemas, mas o que a gente viu foi o oposto. Urnas que não funcionavam, sistema que caía, cédulas de papel que tiveram que ser impressas na hora em algumas escolas”, listou. 

O vendedor ambulantes Antonio Beatriz de Almeida, 50, também assina o documento e afirmou que praticamente todos os 15 candidatos eleitos contaram com apoio de grupos políticos ou religiosos, o que é proibido por lei. “Pedimos novas eleições. Entendemos que o processo foi totalmente adverso”, pontuou. 

Almeida afirmou que circulam nas redes sociais capturas de telas de grupos ligados ao PT e ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) com apoio a candidatos que foram eleitos. O presidente do PT de São Bernardo, Braz Marinho, afirmou que “não houve qualquer deliberação do partido em apoio a candidatos e que o partido entende e respeita que as instituições têm que ter liberdade e autonomia”. 

Coordenador do MTST em São Bernardo, Anderson Dalecio Feliciano declarou que as capturas não são de grupos do movimento e sim de determinados bairros da cidade, onde as pessoas manifestaram sua preferência e, ocasionalmente, podem ser simpatizantes do MTST.

A denúncia ainda cita, textualmente, que o vereador Pastor Zezinho Soares (PSDB) estava na escola Therezinha Besana, no Baeta Neves, agradecendo aos integrantes de sua igreja por terem votado em determinada candidata (o nome da candidata está suprimido no documento enviado ao Diário). Procurado, o parlamentar negou a irregularidade e disse que esteve duas vezes na escola, na tentativa de votar, mas que, devido às filas e a outros compromissos, não chegou a participar do pleito. 

A Prefeitura de São Bernardo informou que comissão foi destacada para realização de sindicância interna para averiguação dos apontamentos. Segundo a administração, não foram constatadas provas ou indícios de descumprimento ou violação de qualquer norma constitucional durante o pleito.




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