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Ingleses querem negociar mais com o Brasil
Do Diário do Grande ABC
26/05/2000 | 14:48
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O vice-presidente do Bank of England (Banco Central), David Clementi, garante que, embora a Inglaterra ainda nao tenha ingressado na Uniao Monetária Européia, a City de Londres está se tornando o centro internacional do Euro e, por isso mesmo, preenche todas as condiçoes para ser a porta de entrada do Brasil no mercado financeiro europeu.

Clementi está no país nesta semana para fazer uma espécie de road show do centro financeiro britânico. Ele se reuniu na terça-feira em Brasília com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e já falou, em Sao Paulo, a um público de empresários, executivos e investidores em Sao Paulo. A estada no Brasil inclui também visita ao Rio de Janeiro.

Com a iniciativa, a intençao do Bank of England, responsável pela promoçao do mercado financeiro britânico, é mostrar que a City é um centro financeiro mais internacional do que Nova York e Tóquio, por isso mesmo vai concentrar as emissoes e operaçoes em Euro. "Temos uma tradiçao de receber bem os estrangeiros. E o brasileiro vai achar na City todo o serviço financeiro que necessitar", frisou Clementi. "O Brasil tem um enorme potencial na área financeira e é natural que faça negócios com a Europa. Queremos mostrar que, apesar dessa grande mudança que foi a introduçao do Euro, a City londrina está determinada a se manter competitiva em relaçao aos grandes centros financeiros mundiais".

Clementi disse, ainda, que a criaçao da Ix (International Exchange), resultado da fusao entre as bolsas de Londres e Frankfurt, poderá aumentar o acesso do Brasil ao mercado de papéis na Europa. Atualmente, a participaçao das empresas brasileiras no mercado financeiro europeu está praticamente restrita ao segmento de Eurobônus. Outras áreas atraentes para o Brasil, na avaliaçao de Clementi, sao seguros e commodities.

O executivo ressaltou que o euro é um contrapeso ao dólar, sendo a moeda responsável por 15% do PIB mundial. Das reservas internacionais globais, 16% estao na moeda da Uniao Européia (apenas 11 dos 15 países da EU já entraram na Uniao Monetária (A Inglaterra ainda está na fase de análise). Ao mesmo tempo, há mais de 500 instituiçoes bancárias na City, que concentra 50% do mercado de lançamento de Eurobônus e concentra um dos maiores mercados mundiais de seguros e resseguros. "Por tudo isso, o exportador, o importador, o empresário e os gerentes de fundos precisam se acostumar a negociar com essa nova moeda", afirmou.

O diretor do Bank of England para a Europa, John Townend admitiu que ainda é preciso aumentar a credibilidade do euro para colocá-lo como moeda paralela ao dólar. Para o investidor, entretanto, o fato de a nova moeda ter integrado os mercados europeus significou um aumento de liquidez de recursos e maior acesso ao capital internacional. "O lançamento do euro foi um sucesso técnico, e o desempenho das economias integradas por ele está sendo muito bom", disse. A projeçao de aumento do PIB na zona do euro é de 3,6% neste ano.

Desde que foi lançado, em janeiro de 1999, até o fim de abril, o euro perdeu 23% de seu valor frente ao dólar 18% em relaçao à Libra Esterlina. Na avaliaçao de Townend, o forte crescimento econômico dos Estados Unidos, os casos de corrupçao em alguns países da Uniao Européia, a demissao em massa da Comissao Européia no ano passado e a falta de confiança do mercado no Banco Central Europeus sao os motivos por trás da queda da moeda européia.

Townend disse que a Uniao Européia deve aceitar a entrada da Grécia na chamada zona do Euro na próxima reuniao do conselho, em 20 de junho. A Grécia nao adotou o euro, em janeiro de 1999, porque nao atingiu as metas pré-estabelecidas para a integraçao européia.




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