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Leça revela projetos para o ABC
Fabiana Marinello
Da Redaçao
20/05/2000 | 20:32
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  O superintendente do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Fernando Leça, revelou em entrevista exclusiva ao Diário que o Grande ABC deverá contar com quatro incubadoras de micro e pequenas empresas. O projeto está sendo desenvolvido em parceria com a Câmara Regional do Grande ABC. Leça, que participou segunda-feira do café da manha com os empresários da regiao, oferecido pela Associaçao Comercial e Industrial de Santo André (Acisa), fez uma análise de sua gestao frente ao Sebrae, falou sobre as principais dificuldades enfrentadas pelas pequenas empresas brasileiras e os resultados obtidos pela entidade. Um dos destaques da entrevista abaixo é o esforço do Sebrae no incentivo às exportaçoes.

DIARIO - Em relaçao ao projeto das incubadoras de micro e pequenas empresas, existe alguma parceria programada para o Grande ABC?
Fernando LEÇA - Nós já atuamos de forma intensa com a regiao para a implementaçao das incubadoras. Os gerentes das agências do Sebrae na regiao participam de todas as discussoes. A Câmara Regional do Grande ABC solicitou a nossa participaçao em um projeto para a regiao e eu já respondi que há a possibilidade de fazer três ou quatro incubadoras aqui. Sao Bernardo tem uma incubadora e nós vamos reaplicar esse modelo em outras cidades. Praticamente todos os municípios terao uma incubadora.

DIARIO - Quais os resultados obtidos até agora com o projeto dos Consórcios de Exportaçao, lançado no fim do ano passado?
LEÇA - Nós lançamos os consórcios em algumas áreas importantes como vestuário, calçados e jóias. O Tropical Spice, por exemplo, que reúne empresas dos bairros do Bom Retiro e Brás, é formado por 16 empresas de moda feminina. Juntas, elas produzem mensalmente 659 peças. A princípio, as exportaçoes deverao corresponder a 25% da produçao. Mas a expectativa das empresas é alcançar 100% da produçao até o ano 2002. Só que muito ainda tem de ser feito. Essa área de exportaçao será alavancada com a mudança de todo o modelo. Nós temos a nosso favor a Câmara de Comércio Exterior (Camex), que foi reestruturada com a entrada do empresário Roberto Giannetti da Fonseca. A Camex, que agora está na mao de uma pessoa do ramo, é um organismo capacitado, que centraliza essas açoes para exportaçao.

DIARIO - Quais sao as açoes implementadas pelo Sebrae?
LEÇA - O Sebrae vai continuar trabalhando setorialmente na formaçao de consórcios de exportaçao para pequenas e médias empresas, juntamente com a Agência de Promoçao de Exportaçoes (Apex). Hoje, cada agência do Sebrae tem um núcleo de exportaçoes. Na Itália, esse modelo é um sucesso. Lá existem 380 consórcios responsáveis por 12% das exportaçoes do país. Aqui no Brasil, o consórcio é considerado pelo governo federal a melhor alternativa para colocar as pequenas empresas no mercado internacional.

DIARIO - Todas essas açoes resultaram no aumento do volume de exportaçoes por parte das pequenas empresas?
LEÇA - Nao é significativo porque o resultado demora. Há uma série de barreiras sanitárias e alfandegárias que dificultam o processo. Nos países da Europa, por exemplo, no setor de agronegócios - que é um dos que o Brasil tem grande potencial de exportaçao de commodities -, há cada vez mais proteçoes, até mesmo escandalosas. Há subsídios aos produtos produzidos por eles. A questao da exportaçao é realmente difícil.

DIARIO - Quais sao as principais dificuldades das pequenas empresas brasileiras?
LEÇA - Elas nao possuem volume de exportaçao suficiente e os preços nao têm condiçoes de competir com o que é oferecido pelos concorrentes internacionais. Falta planejamento estratégico. Mas, com os consórcios, essas empresas vao receber todo apoio para mudar essa realidade.

DIARIO - Mas qual a participaçao efetiva das pequenas empresas nas exportaçoes?
LEÇA - É muito pequena. Nao chega a 1,7% de todo o volume exportado pelo país. Essa participaçao é desprezível. É fundamental que haja uma evoluçao de pelo menos 10% nas exportaçoes.

DIARIO - Como está a implementaçao do Programa de Desenvolvimento de Emprego e Renda (Proder) no Grande ABC?
LEÇA - Nós estamos caminhando bem e temos um projeto para fazer renascer plenamente o setor moveleiro do Grande ABC. Esse setor é uma vocaçao antiga e histórica que caiu muito porque as plantas se desatualizaram e o design ficou superado. O Grande ABC perdeu mercado para outras regioes. Nós estamos trabalhando com outros centros industriais avançados, como Milao, e vamos trazer especialistas de lá para mudar o design, a qualidade e o estilo dos móveis produzidos aqui.

DIARIO - Além do setor moveleiro, em quais áreas o Proder deverá atuar?
LEÇA - No setor plástico nós temos a proposta de transformar as indústrias de terceira geraçao em um centro de excelência. Nós vamos ampliar o Projeto de Unidades Móveis de Atendimento às Micro e Pequenas Empresas (Prumo), destinado aos empreendedores especializados nessa área. Há uma grande concentraçao desse setor na regiao. Na indústria automotiva, o Sebrae propoe que haja mais integraçao das pequenas empresas.

DIARIO - O sr. completou um ano à frente do Sebrae em fevereiro. Qual o balanço do período, os principais resultados e os obstáculos?
LEÇA - Nós ainda estamos mudando a cultura do Sebrae. O Programa Brasil Empreendedor, por exemplo, favorece essa mudança. Hoje nós temos um modelo, temos indicadores precisos e podemos medir resultados. Isso é bom para dentro da casa, para controlarmos nossos resultados, para o nosso passivo. O Sebrae foi agendado, pautado, às vezes até saqueado. Hoje nao é mais assim. Nós só aprovamos projetos que tenham realmente uma adesao com a missao do Sebrae.




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