Política Titulo Editorial
Legado de respeito
Do Diário do Grande ABC
28/10/2019 | 09:37
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Padre Emílio Rubens Chasseraux faleceu no sábado, aos 80 anos, mas deixou incontáveis ensinamentos de como tratar o próximo. Natural de Santos, veio para o Grande ABC no início dos 1960 e escolheu a então favela Palmares, em Santo André, para viver. Morreu, cinco décadas após desembarcar na comunidade, com legado de transformação.

E não somente a transformação física pela qual a antiga favela, hoje vila, passou. Transformação das pessoas. Mais do que toda batalha que padre Rubens travou para construir uma paróquia – a Nossa Senhora das Dores – ou para urbanizar as ruas de terra, os moradores da Palmares exaltam suas palavras, sua bondade, sua generosidade. Sem olhar cor ou credo.

Passados 50 anos da vinda de padre Rubens à região, e neste primeiro fim de semana de sua ausência física, este Diário mostra que não param de crescer casos de intolerância religiosa nas sete cidades. Entre 2018 (completo) e 2019 (até julho), segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado, quase dobraram os registros de crime dessa natureza – passando de 117 para 229. Volume esse que, provavelmente, está subnotificado, já que por muitas vezes vítimas deixam de registrar ocorrência com receio de algo pior.

Professar a fé é direito individual de cada ser humano, e não há de se impor sua religião ao próximo, independentemente de qual matriz ela seja. Ter um governante com pensamento religioso convergente não confere autonomia para desrespeitar o pensamento alheio. 

Católico, padre Rubens assistiu, no período em que emprestou sua boa-fé à população da Vila Palmares, ao aumento do número de igrejas evangélicas e à redução de quem acompanhava as missas na Paróquia Nossa Senhora das Dores, por exemplo. Conviveu, respeitou. Que este exemplo seja seguido pelos demais moradores do Grande ABC, para que estatísticas infelizes como as retratadas nas páginas de hoje deste Diário possam se reduzir.




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