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Acampados denunciam 'politicagem' em assentamento em SP
Do Diário do Grande ABC
01/12/1999 | 16:21
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Famílias que estao na lista de espera por lotes da reforma agrária em Murutinga do Sul a 610 quilômetros da Capital, no Noroeste do Estado, acusam o Incra de ceder a critérios políticos para distribuir 75 lotes em duas fazendas desapropriadas recentemente naquele município.

Casais idosos e sem filhos, colonos que arrendam lotes e solteiros sao casos de exclusao da reforma agrária. Mas no "Projeto Orlando Molina", onde o governo desapropriou 1.528 hectares das fazendas Sao Judas Tadeu e Nossa Senhora Aparecida, pessoas nessas condiçoes estao sendo beneficiadas. A denúncia chegou ser feita por escrito, e entregue à liderança do assentamento, contendo 18 casos para investigaçao, mas nao foi encaminhada ao Incra. A declaraçao é de Joao Estanislau Gomes, um dos excluídos que está na lista de espera.

Segundo Gomes, "o estranho favorecimento" começou há quase um ano, quando o Incra disse que a área desapropriada nao seria suficiente para todas as famílias. "Coincidentemente, quem fazia campanha para outro candidato que nao era Mário Covas acabou excluído", disse Gomes.

O gerente regional dos projetos do Incra na regiao, o técnico Adolfo de Freitas Oliveira, disse que nunca recebeu qualquer denúncia sobre favorecimentos e irregularidades, mas aconselhou os colonos a apresentarem tudo em documento asssinado e com firma reconhecida em cartório. Oliveira disse que é o único funcionário do instituto, para uma regiao com mais de 2 mil famílias assentadas, e nao possui estrutura para acompanhar as atividades em cada lote. A fiscalizaçao do uso da terra, segundo ele, acaba ficando para a responsabilidade das comissoes municipais de assentamento, formada por dezenas de entidades locais que se reúnem geralmente apenas uma vez para definir a pontuaçao dos candidatos a lotes.

O colono Raimundo Justino disse que os assentados sabem quem arrenda a terra para outros, mas nao há como provar essa transaçao por falta de documentos. Antônio Braga, acusado de arrendar a terra para um aposentado da CESP criar gado, desafiou os companheiros a provarem o que estavam dizendo.

Das onze famílias que foram obrigadas a sair da gleba por "falta de espaço", cinco ainda permanecem morando na casa de amigos, na esperança de que haja uma fiscalizaçao. As demais desistiram e já se mudaram para a cidade.

Nesta quarta-feira, após dois anos de autorizaçao para ocuparem a fazenda, os colonos receberam o ante-projeto de demarcaçao dos lotes. Houve muitos protestos. O tamanho dos lotes variou de 3 a 19 hectares, conforme a força de trabalho de cada família. Mas até quem vive sozinho, sem mulher, como Joao José Rocha, acabou ficando com um lote. Os colonos já receberam R$ 2.425,00 dos programas de reforma agrária e agora vao obter mais R$ 8 mil para investimentos.




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