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Rainha Margreth visita Salvador
Do Diário do Grande ABC
10/05/1999 | 15:26
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A Rainha Margreth II da Dinamarca, seu marido, o príncipe consorte Henrik e o príncipe herdeiro Frederick, visitaram o Pelourinho na manha desta segunda, na penúltima etapa de sua visita ao Brasil. A comitiva desembarcou na capital baiana, na noite de ontem, momentos antes da Associaçao dos Travestis de Salvador (Atras) denunciar a prisao de 20 travestis pela polícia, com o objetivo de "deixar o centro da cidade limpo para a rainha".

O príncipe Frederick foi o único da comitiva real a aceitar acarajé, logo ao desembarcar na Base Aérea de Salvador. Ele achou o quitute "delicioso". Frederick disse que está se divertindo muito no Brasil e manifestou o desejo de "andar pelas ruas de Salvador", o que aconteceu hoje de manha. A comitiva começou a visita no Centro Histórico, pelo Cruzeiro de Sao Francisco, onde um grupo formado por capoeiristas e dançarinos de maculelê recepcionou os dinamarqueses.

A rainha fez questao de visitar a Igreja de Sao Francisco, do século 18 e ficou impressionada com a talha dourada do templo. Depois, a comitiva passeou pelas ladeiras do Pelourinho, seguindo no final da manha para o Mercado Modelo, outro cartao postal da Bahia. A tarde, a comitiva real visita a Organizaçao do Auxílio Fraterno (OAF), entidade que atende crianças carentes.

Limpeza - A nota triste da visita foi a "limpeza étnica" promovida pela polícia no centro de Salvador, para tirar de circulaçao os travestis que fazem ponto na área. Eles foram levados até a 1ª Delegacia para "averiguaçao", de acordo com o delegado Cedric Lobosco, que disse nao saber nada sobre ordem do governo para "limpar o centro". Um grupo formado pela presidente da Comissao dos Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, deputada Moema Gramacho (PT), o presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Luís Mott, a presidente da ATRAS, Jane Pantel e três advogados, visitou os travestis pela manha. Todos confirmaram que os policiais que os prenderam disseram estar cumprindo ordens superiores, do governo, por causa da visita da Rainha da Dinamarca. O delegado Lobosco admitiu que as prisoes nao eram legais mas disse que estava averiguando denúncias de roubos supostamente praticado pelos travestis. Informou que os soltaria até o final da tarde.

Por causa das prisoes, o GGB e o Atras pretendem mover uma açao pública contra o Estado por danos morais e abuso de autoridade. Mott lembrou que o paradoxo do episódio está no fato da Dinamarca ter sido o primeiro país do mundo a legalizar o casamento entre homossexuais. "A própria rainha já se manifestou diversas vezes contra o preconceito com os homossexuais e na década de 80 a Dinamarca concedeu asilo político a uma lésbica brasileira", disse. Na opiniao de Mott, a rainha Margreth II vai ficar "revoltada" quando souber que "por sua causa foram cometidas graves violaçoes dos direitos humanos".




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