As ameaças da artilharia sérvia e uma possível falta de água tornam necessária a retirada de 30 mil refugiados para locais mais distantes da fronteira albanesa com a província sérvia de Kosovo, informou nesta quarta-feira um comandante da Otan. ``As tendas nao oferecem proteçao aos estilhaços de projéteis. A última coisa que quero ver é um ataque sérvio a este local', disse o general britânico John Reith, que lidera o esforço humanitário da Otan na Albânia.

Em visita a Kukes, cercada por acampamentos de refugiados de Kosovo, Reith disse que, segundo informaçoes da inteligência, forças sérvias estao tomando posiçoes perto do cruzamento de fronteira em Morini, a 30 quilômetros dos acampamentos dos refugiados.

Um porta-voz da Organizaçao para a Segurança e a Cooperaçao na Europa disse ter recebido informaçoes de que três aldeias, próximas de Kukes, foram atacados hoje pela artilharia sérvia e haveria dois civis mortos. O porta-voz, Andrea Angeli, disse que está a caminho da área para confirmar a versao.

Jornalistas em Morini disseram que, durante a visita de Reith, ouviram intenso fogo de artilharia e de armas de grosso calibre em Kosovo, onde forças sérvias travam combates diários com os guerrilheiros de etnia albanesa do grupo Exército de Libertaçao de Kosovo.

A Otan e as agências internacionais de ajuda esperam poder levar os refugiados acampados para lugares mais seguros e com instalaçoes melhores nas regioes central e sul da Albânia. No segundo dia da retirada, 300 refugiados partiram de um acampamento em Kukes depois que cerca de 200 outros foram instalados em outro, construído pelos Estados Unidos. Nessa fase inicial, outros mil serao transferidos para mais dois acampamentos, no interior da Albânia.

Reith, que comanda a força da Otan na Albânia, de 8 mil efetivos de 25 países, disse que é possível que, nos meses de verao, haja escassez de água para os refugiados e que, se sua transferência demorar, poderao ter que suportar, no inverno seguinte, temperaturas de até 22º Celsius abaixo de zero.