Na verdade, apenas o primeiro é um trabalho solo de Sinatra. O segundo, como diz o nome, tem participaçao de familiares do cantor - Frank Jr. e as filhas Tina e Nancy (esta, dona de carreira musical de algum sucesso).

O terceiro traz os parceiros Sammy Davis Jr. e Dean Martin, que, junto com Sinatra, compunham o chamado Rat Pack, "a cúpula do show business norte-americano", como observa o jornalista, escritor e sinatrófilo Ruy Castro no material de divulgaçao da Trama. Era um trio de amigos que, de modo discreto e longe dos palcos, às vezes virava quarteto com a chegada de John Kennedy, entao já presidente dos Estados Unidos. Conquistas amorosas, bebedeiras, shows, filmes e discos memoráveis eram o dia-a-dia dessa turminha.

O ouro puro da trinca de CDs está no disco ao vivo de 1957, que tem por trás uma história bem curiosa. Foi um brasileiro, Roberto Quartin, que descobriu sua fita matriz, durante uma pesquisa realizada em 1967 nos arquivos de Sinatra, autorizada pelo próprio. Já se sabia que um grande show do cantor em Seattle, dez anos antes, havia sido registrado com todos os cuidados de uma gravaçao de estúdio. Porém, quando a matriz veio à tona pelas maos de Quartin, foi considerada datada para uma eventual ediçao comercial.

Em 1997, com a saúde de Sinatra já abalada, a postura da família mudou. Tina criou um selo, o Artanis (Sinatra invertido), e correu atrás de Quartin, que cedeu sua cópia do concerto. O resultado é Sinatra 57 - In Concert, que, segundo informaçoes da Trama, só foi lançado nos EUA e, agora, no Brasil.

Desnecessário dizer o quanto o disco é bom. Em 1957, Sinatra era um artista maduro e ainda anos-luz distante de sua fase mais comercial, iniciada nos anos 60 e cujo auge foi a gravaçao de New York, New York por volta de 1980. Com efeito, o repertório de Sinatra 57 é composto somente daquelas cançoes que, diria um saudosista, hoje em dia nao se fazem mais.

Três exemplos disso: I Get a Kick Out of You e I've Got You Under My Skin, standards de Cole Porter, e My Funny Valentine. Mas há mais: The Lady Is a Tramp, A Foggy Day (dos irmaos Gershwin), Violets for Your Furs, The Tender Trap...

Sao 19 cançoes no total, geralmente tingidas de sépia - ou, quando mais aceleradas, capazes de embalar danças a dois pudicas e sonhadoras.

A dicçao de Sinatra vale por um ano de curso de inglês, e nos intervalos entre as músicas ele entretém a platéia com piadinhas e conversa de boteco. Um showman de verdade.

O disco The Sinatra Family Wish You a Merry Christmas foi gravado em 1968, e nao é exatamente uma obra-prima. Fica melhor descrevê-lo com uma curiosidade. O conteúdo é kitsch, seja nos momentos de júbilo pelo Natal, seja na lamentaçao pela melancolia da data (It's Such a Lonely Time of the Year, canta Nancy Sinatra), mas provavelmente nao daria para escapar disso. Sao apenas dez faixas, com Frank solando em duas: Whatever Happened to Christmas? e The Christmas Waltz.

Mas é a família toda que protagoniza o momento mais marcante do CD: The 12 Days of Christmas, uma cançao que vai enumerando cumulativamente os presentes que um pai de família (interpretado por Sinatra) recebe de seus filhos - a quantidade dos mimos aumenta diariamente, até chegar no Natal.

O disco The Summit soa mais como uma reuniao de amigos, e a intençao parece ser essa mesmo. O álbum divide-se em cinco seçoes: Dean Martin solando, Sinatra solando, Sammy Davis Jr. solando (apenas duas cançoes), os três juntos e, por fim, um bis com Sinatra e Davis Jr. numa cançao e Martin e Davis Jr. noutra.

Ou seja, outra vez nao se trata exatamente de um disco de Sinatra, mas é documentaçao de uma época fundamental para a consolidaçao dele como a maior referência musical do século. E o fato é que os amigos Dean e Davis Jr. também nao faziam feio.