Esportes Titulo Olimpíada caipira
Jogos Abertos do
Interior em nova era

Após hegemonia de São Caetano, que ganhou últimas sete
edições, competição agora tem outros 4 postulantes ao título

Anderson Fattori
do Diário do Grande ABC
09/11/2011 | 07:30
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Pela primeira vez em 14 anos, os Jogos Abertos do Interior começam sem que seja possível apontar premeditadamente o campeão. São Caetano, que ganhou as últimas sete edições, entra na disputa enfraquecido pelo corte de R$ 1,5 milhão ocorrido no início do ano na Secretaria de Esportes e abre possibilidade para que São Bernardo, São José dos Campos, Santos e Piracicaba vislumbrem a conquista do título. Com isso, seguramente, Mogi das Cruzes, que sedia a competição pela primeira vez, verá uma das edições mais equilibradas nos 75 anos de história.

No total, são 27 modalidades - mais seis extras - e 15 mil atletas correndo atrás de medalhas, mais do que o dobro dos 6.000 que disputaram o Pan-Americanos de Guadalajara, no México, em outubro. As dimensões exageradas da competição, que envolve 250 municípios de várias regiões do Estado, renderam à disputa o carinhoso rótulo de Olimpíada Caipira. As competições começam hoje com bocha, futebol, handebol e judô, terminando dia 19.

Criada em 1936 por Horácio Baby Barioni, ex-jogador de basquete, os Jogos Abertos antes eram simples encontros de esportistas. Aos poucos, porém, a competição ganhou importância e transformou-se em uma das principais do Brasil. Tanto que atletas renomados, como a velocista Ana Claudia Lemos, medalha de ouro nos 200 m livres e no revezamento 4 x 100 m no Pan-Americano, interrompeu as férias para disputar o torneio por São Caetano.

Dos municípios do Grande ABC, São Bernardo está um passo à frente. A cidade conquistou os Jogos Regionais em julho e passou a ser credenciada como favorita ao título também nos Abertos. São Caetano, apesar do menor investimento, tem tradição e a expectativa é a de que frequente as primeiras colocações. Mais uma vez, a decepção deve ser Santo André. A cidade, que era uma das potências estaduais na década de 1980, hoje é mera figurante.

Na Segunda Divisão, Ribeirão Pires, Diadema e Mauá lutam em condição de igualdade por uma das duas vagas na elite em 2012. Das sete cidades da região, apenas Rio Grande da Serra não terá representantes em Mogi das Cruzes.

 

INUSITADO - Entre os charmes dos Jogos Abertos estão as modalidades extras, pouco conhecidas, que são sugeridas pela cidade-sede. Mogi das Cruzes incorporou à disputa o tênis de praia, beisebol, bocha para atletas com necessidades especiais, caratê kyokushin, rugby e strongman.

Esta última, sem dúvida é a mais inusitada. Trata de competição que mede a força dos homens em provas como arrastar um avião e virar pneus de trator.

 

Nova realidade impõe metas modestas

São Caetano entra na disputa dos Jogos Abertos deste ano sem perspectiva de ser campeão, como ocorreu nos últimos anos. Foi o que admitiu ontem Marcos Siarvi, chefe de delegação e coordenador do esporte de alto rendimento, ao analisar as possibilidades do município. A cidade venceu 14 vezes o torneio - sete seguidas -, disputado desde 1936.

A readequação de verbas para a Secretaria de Esportes, no início deste ano, aponta Siarvi, é a responsável pela mudança de perspectiva. O corte na Pasta foi de cerca de R$ 1,5 milhão. "Até o ano passado, a gente vinha para ser campeão. Neste, não é esse o objetivo, mesmo sabendo do nosso poderio. Acredito que devemos ficar em quinto ou sexto", afirmou o coordenador. Segundo ele, a redução de verba para as modalidades de alto rendimento ficou entre 30% a 40% dos valores destinados até o ano passado.

A delegação de São Caetano, que terá 518 integrantes, entre atletas e comissão técnica, participará de 36 modalidades. Entre os principais destaques apontados por Siarvi para conquistar medalhas para a cidade estão os ginastas Arthur Zanetti e Francisco Barreto e o mesa-tenista número um do Brasil, Gustavo Tsuboi, todos medalhistas no Pan de Guadalajara (México), no mês passado.

Tsuboi garantiu o ouro na competição por equipes, mesmo feito obtido por Zanetti e Barreto na ginastica artística. Zanetti também conquistou a prata no individual.

No atletismo, após certo suspense, já que alguns atletas entraram em férias após o Pan, foram confirmadas as presenças de Cruz Nonata, prata nos 10 mil m e prata nos 5.000 m; Joilson Silva, bronze nos 5.000 m rasos; Ronald Julião, bronze no lançamento de disco; Ana Cláudia, ouro nos 200 m e ouro também nos 4 x 100 m; Hudson Souza, prata nos 3.000 m com obstáculos; Geisa Coutinho, prata nos 4 x 400 m e bronze nos 400 m; Joelma das Neves, Jailma Sales e Barbara Farias, que ganharam prata nos 4 x 400 m e Nilson André e Ailson Feitosa, ambos ouro nos 4 x 100 m.

 

Santo André faz papel de figurante

Depois do vexame dos Jogos Regionais de 2010, quando foi humilhantemente rebaixado, Santo André ficou fora da elite dos Abertos ano passado (em Santos). Disputando a Segunda Divisão, conseguiu o vice-campeonato e está novamente entre os grandes. Agora, a cidade tem como meta se manter na Primeira Divisão.

No total, o município será representado por 450 esportistas, sendo 249 homens e 201 mulheres. Das 27 modalidades em disputa, a cidade estará presente em 24: atletismo, atletismo para portadores de necessidades especiais, basquete, biribol, bocha, capoeira, ciclismo, damas, futebol, futsal, ginástica artística, handebol, judô, caratê, luta olímpica, malha, natação, taekwondô, tênis, tênis de mesa, vôlei, vôlei de praia e xadrez.

O grande destaque, mais uma vez, é o time de basquete feminino, comandado pela técnica Laís Elena Aranha. A equipe é atual campeã da Liga Nacional, do Campeonato Paulista e dos Jogos Regionais. Se vencer também em Mogi das Cruzes conseguirá a inédita quadra, ou seja, ficará com todos os títulos da temporada.

Laís, no entanto, sabe que a tarefa não será fácil. A técnica teme, sobretudo, a maratona de jogos e o elenco limitado. "Temos poucas peças de reposição. Estamos sem a Nádia, contundida, o que diminuiu ainda mais nossas possibilidades no garrafão. Mas reconhecemos a responsabilidade e vamos encarar a competição com muita seriedade, sonhando com o quarto título da temporada", ressalta.

Uma das modalidades mais numerosas da cidade é o judô. No total, a equipe será composta por 24 atletas, sendo 14 homens e dez mulheres. A ambição, porém, fica resumida a uma colocação entre os seis primeiros colocados na disputa por equipes que acontece hoje.

"São 14 cidades na disputa e todas extremamente fortes. Vamos enfrentar adversários muito mais qualificados e com maiores investimentos, como Santos, São José dos Campos e São Caetano. Minha meta é ficar entre os seis primeiros, mas de repente podemos aprontar", analisou o coordenador do judô andreense, Gildemar de Carvalho, o Gil.

 

 

São Bernardo foge da fama de favorita

São Bernardo reluta em assumir, mas entra nos Jogos Abertos do Interior como favorita na luta pelo título. No total, a delegação conta com 627 pessoas, sendo que 478 são atletas. Das 27 modalidades, a cidade só estará ausente no boxe feminino. Além disso, foi campeã dos Jogos Regionais em julho. Mesmo assim, na Secretaria de Esportes ninguém assume a condição de favorita.

Para o chefe da delegação e diretor de Esportes, José Alexandre, a cidade brigará pelas três primeiras posições. "Não dá para falar em título. Temos boas condições, mas não somos favoritos. São José dos Campos e Santos também estão fortes e não podemos esquecer de São Caetano."

Para o dirigente, as lutas - boxe, capoeira, judô, caratê, kickboxing e taekwondo - podem definir o campeão. "Nessas modalidades teremos muitos confrontos diretos entre as cidades que brigam pelo título. É difícil prever, mas creio que o município que conseguir bom desempenho nas lutas está um passo à frente na disputa", argumenta.

O secretário de Esportes, José Luiz Ferrarezi, também mantém o discurso humilde e traça meta modesta. "Ficarei frustrado se nós repetirmos o quinto lugar do ano passado. A expectativa é terminar um pouco mais acima, mostrar evolução de um ano para o outro. O título é consequência", comentou.

Apesar do favoritismo, São Bernardo não está entre os principais vencedores dos Jogos Abertos. Em 74 edições, a cidade conquistou apenas um título, em 1973, justamente quando sediou a competição.

Entre as modalidades, os destaques são as equipes masculina e feminina de handebol, que estão entre as melhores do Brasil. Os homens iniciam a caminhada hoje, às 19h, contra São Carlos.

A equipe estará reforçada pelos jogadores da Seleção Brasileira Vinicius Teixeira, Henrique Teixeira, Gustavo Nakamura e Fábio Chiuffa (Tupan está machucado), além de Carlos Castillo, que esteve no Pan-Americano com a República Dominicana. "Será importante para a nossa equipe tê-los novamente e os Abertos também servirão para que eles possam se adaptar à equipe. Todos estão focados em busca tanto do título como também da Liga Nacional, na sequência", declarou o capitão Diogo Hubner.

Assim como o masculino, o feminino também se reforça. Moniky, ouro em Guadalajara com a Seleção, não vê a hora de entrar em quadra. "O que mais quero agora é ajudar a equipe em busca de mais títulos até o fim da temporada para fechar com chave de ouro este ano tão especial", comentou.

 

Mauá é maior entre as de menor tradição

Mesmo ainda sem investimentos de peso na esfera esportiva, Mauá desponta neste ano entre as cidades da região com menor tradição nos Jogos Abertos do Interior.

O município, que integra a Segunda Divisão - na qual ficou em terceiro lugar na edição 2011 dos Jogos Regionais - , levará 90 atletas, divididos em dez equipes, para Mogi.

As modalidades que Mauá disputará serão basquete feminino, vôlei masculino e feminino, futsal masculino, natação, ginástica rítmica individual e xadrez. O carro-chefe da cidade é o vôlei masculino, comandado pelo professor Oswaldo Begliomini e com colocações significativas nas últimas edições. "O vôlei e o basquete certamente estão entre os melhores do Estado", afirmou a coordenadora de Esportes da cidade, Georgiana Soares Pires.

Além das modalidades tradicionais, pode-se dizer também que as artes marciais e esportes de combate serão a tônica para esta edição dos Abertos. Haverá atletas mauaenses no judô masculino, kickboxing, caratê e taekwondo.

 

Ribeirão Pires tem intenções modestas para Olimpíada Caipira

Embalada pela sonora regularidade e conquista da primeira colocação na Segunda Divisão nos Jogos Regionais deste ano, que foram disputados em Santo André, Ribeirão Pires participará da mesma categoria dos Jogos Abertos do Interior 2011.

A delegação do município do Grande ABC, que vai a Mogi das Cruzes será composta por 60 atletas, que participarão dos esportes coletivos e individuais, como handebol masculino sub-21, malha masculino, tênis de mesa masculino, xadrez masculino, além do vôlei masculino.

Ao contrário de outras cidades, que investem na contratação de reforços, Ribeirão tem como força principal os atletas formados em casa.

Com tradição restrita nas modalidades em disputa, a cidade tem ambições modestas, e declaradamente não buscará as primeiras colocações.

"Temos algumas prioridades de acordo com nossa atual situação. Assim, queremos manter a mesma classificação obtida pela delegação em 2010, quando ficamos na 58ª colocação final", declara o secretário adjunto da Secretaria da Juventude, Esporte e Lazer de Ribeirão Pires, Emerson Aparecido Gillardi.

 

 

Diadema aposta na capoeira para se destacar em Mogi

Mantendo a política pés no chão, Diadema deve repetir as atuações modestas, já tradicionais na Segunda Divisão dos Jogos Abertos do Interior.

Com delegação composta por 70 pessoas, os atletas participarão de modalidades como handebol feminino, bocha masculina, judô masculino, ginástica artística feminina, dama misto e capoeira masculino e feminino.

E a principal esperança de Diadema é justamente a arte marcial tipicamente brasileira. Na última edição, a cidade se destacou na modalidade, e terminou a competição com a terceira colocação.




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