Segundo Stédile, o movimento não faz bravatas pela imprensa. Para ele, o governo falou isso para os proprietários de terras, não para o MST. “É uma opinião pessoal do presidente, mas nós do MST não vestimos a carapuça. Eu acho que o recado dele foi para os latifundiários improdutivos. Nossa leitura é que o governo disse para os latifundiários, eu vou fazer a reforma agrária, e numa reforma agrária os beneficiários somos nós.”
Apesar disso, Stédile ratificou o calendário de mobilizações no campo em abril e criticou a lentidão do processo da reforma feito pelo governo. “O governo precisa tratar a reforma agrária como um plano amplo, que aumente vistorias dos latifúndios improdutivos, faça desapropriações e acelere os projetos de assentamento, além de desburocratizar o acesso aos créditos e reformular o Incra.”
Segundo ele, no ano passado apenas 64 mil famílias tiveram acesso aos programas de créditos em um total de 500 mil famílias. Sobre a liberação de recursos feita nesta semana, Stédile voltou a afirmar que é pouco, mas que sinalizou uma boa vontade do governo. “Ficamos satisfeitos não pelo volume do dinheiro, mas pelo o que isso significou. Quando fizemos o plano de assentar 400 mil famílias já estava prevista a liberação de R$ 3 bilhões”, disse.
No encontro, Stédile não poupou a política econômica do país. “No tema da reforma agrária, o ministro Palocci está adequado às necessidades, até porque R$ 3 bilhões é muito pouco, para o volume que o Tesouro paga de juros, é insignificante, dá duas semanas de juros. A nossa bronca com o ministro é sobre a política econômica em geral”, afirmou.
No Paraná, cerca de 150 famílias ligadas ao MST continuam acampadas em frente a uma fazenda em Antonina e outras 400 continuam na propriedade da empresa Araupel, no interior do Estado. O evento foi vetado para a participação da imprensa, medida essa que será adotada pelo MST em novas reuniões. Segundo o porta-voz do encontro, César Samson, isso evitaria “distorções que a imprensa faz dos fatos em alguns momentos e era uma medida de precaução”, disse.
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