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Recado de Lula não foi para o MST, diz Stédile
03/04/2004 | 21:12
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  O líder nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), João Pedro Stédile, ignorou neste sábado, durante o Encontro das Coordenações dos Movimentos Sociais, em Curitiba (PR), as palavras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na sexta, em inaugurações de obras no Mato Grosso do Sul, Lula disse que não aceitaria a reforma agrária “na pressão e no grito”.

Segundo Stédile, o movimento não faz bravatas pela imprensa. Para ele, o governo falou isso para os proprietários de terras, não para o MST. “É uma opinião pessoal do presidente, mas nós do MST não vestimos a carapuça. Eu acho que o recado dele foi para os latifundiários improdutivos. Nossa leitura é que o governo disse para os latifundiários, eu vou fazer a reforma agrária, e numa reforma agrária os beneficiários somos nós.”

Apesar disso, Stédile ratificou o calendário de mobilizações no campo em abril e criticou a lentidão do processo da reforma feito pelo governo. “O governo precisa tratar a reforma agrária como um plano amplo, que aumente vistorias dos latifúndios improdutivos, faça desapropriações e acelere os projetos de assentamento, além de desburocratizar o acesso aos créditos e reformular o Incra.”

Segundo ele, no ano passado apenas 64 mil famílias tiveram acesso aos programas de créditos em um total de 500 mil famílias. Sobre a liberação de recursos feita nesta semana, Stédile voltou a afirmar que é pouco, mas que sinalizou uma boa vontade do governo. “Ficamos satisfeitos não pelo volume do dinheiro, mas pelo o que isso significou. Quando fizemos o plano de assentar 400 mil famílias já estava prevista a liberação de R$ 3 bilhões”, disse.

No encontro, Stédile não poupou a política econômica do país. “No tema da reforma agrária, o ministro Palocci está adequado às necessidades, até porque R$ 3 bilhões é muito pouco, para o volume que o Tesouro paga de juros, é insignificante, dá duas semanas de juros. A nossa bronca com o ministro é sobre a política econômica em geral”, afirmou.

No Paraná, cerca de 150 famílias ligadas ao MST continuam acampadas em frente a uma fazenda em Antonina e outras 400 continuam na propriedade da empresa Araupel, no interior do Estado. O evento foi vetado para a participação da imprensa, medida essa que será adotada pelo MST em novas reuniões. Segundo o porta-voz do encontro, César Samson, isso evitaria “distorções que a imprensa faz dos fatos em alguns momentos e era uma medida de precaução”, disse.




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