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Presos usam central telefônica para acertar compra de míssil
Do Diário OnLine
18/06/2002 | 21:08
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O Ministério Público do Rio de Janeiro descobriu na Penitenciária de Segurança Máxima de Bangu I, na zona Oeste do Rio de Janeiro, uma central telefônica usada por presos para comunicarem-se com criminosos de São Paulo e de Minas Gerais. Os promotores gravaram, com autorização da Justiça, 20 horas de conversas, entre elas uma em que um comparsa do traficante Fernandinho Beira-Mar negocia a compra de um míssil.

Em um dos trechos das gravações, o detento Marcos dos Santos, conhecido como Chapolin, encomenda de um fornecedor de São Paulo um míssil do tipo Stinger, "aquele que a Al Qaeda (rede terrorista de Osama Bin Laden) está usando".

"Eu tenho contato com o mundo inteiro para conseguir o que você está me pedindo", responde o fornecedor, identificado como Rubinho de São Paulo, para Chapolin. Ele diz ainda que "só terroristas, só organizações do Líbano têm esse tipo de aparelho".

O míssil em questão é portátil, de fabricação americana e tem alcance de 5 mil metros. O governo acredita na hipótese de que ele seria usado para abater helicópteros da polícia que estivessem sobrevoando os morros do Rio em ações de combate ao tráfico de drogas.

Em outro trecho da conversa, Chapolin negocia com Rubinho a compra de bloqueadores de detectores de metal. "As organizações dos árabes usam muito esse tipo de aparelho em aeroportos", explica o fornecedor.

As gravações revelaram ainda um diálogo em que Beira-Mar, chamado de "dom Álvaro", combina a compra de 400 quilos de pasta de cocaína com um homem identificado como Leomar, também de São Paulo.

Em outra conversa, dessa vez com um advogado, o traficante ameaça matar a família de uma pessoa que supostamente estaria lhe devendo dinheiro. "Se ele não me pagar, vou matar a família dele todinha. Só vou liberar as crianças", avisa.

De acordo com o Ministério Público, os grampos realizados nos telefones celulares dos detentos mostram que "os condenados prosseguem na gerência do comércio ilegal de entorpecentes, exercendo o efetivo controle das bocas-de-fumo, organizado as atividades do movimento e atuando diretamente na aquisição de drogas, através das ligações clandestinas".

No final da tarde desta terça-feira, a juíza Sônia Maria Garcia Gomes Pinto, da 1ª Vara Criminal de Bangu, decretou a prisão preventiva do advogado de Beira-Mar, Hélio Rodrigues Macedo, por suspeita de associação com o traficante. Ela ainda determinou o afastamento dos diretores do presídio.




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