Economia Titulo Financiamento
Crédito para carro cresce lentamente
Vinicius Gorczeski
Do Diário do Grande ABC
09/11/2011 | 07:30
Compartilhar notícia
Celso Luiz/DGABC


 

O crédito disponível nos bancos das montadoras para financiamentos de veículos cresce, mas em ritmo mais lento do que no ano passado. Até setembro, foram liberados R$ 199,3 bilhões, o que corresponde a 10,3% do total emprestado aos consumidores brasileiros no período, R$ 1,929 trilhão.

O montante é 7,2% maior do que o total financiado durante os nove primeiros meses de 2010. Porém, entre janeiro e setembro do ano passado, o ritmo era de alta de 11,9%. Os dados foram divulgados ontem pela Associação Nacional das Empresas Financeiras e dos Bancos das Montadoras.

O total de empréstimos realizados para o financiamento de veículos já era esperado pela indústria do segmento, que projetou a oferta de crédito com base no cenário econômico desenhado desde o fim do ano passado - época em que o governo adotara série de medidas para reprimir a demanda por crédito, ao deixá-lo mais caro.

O consultor automotivo Luis Carlos Augusto explicou que, por conta disso, os consumidores acabaram requisitando menos empréstimos aos bancos a fim de comprar carros. Outra consequência foi que as instituições acabaram se moldando à demanda menor. "Então houve diminuição na quantidade de recursos disponíveis e liberados para os financiamentos", explica.

Augusto afirmou ainda que a medida adotada pelo Banco Central de aumentar o valor da entrada para compra de veículos a prazo contribuiu para que os números expandissem de forma mais lenta. "Isso já provocou a redução na demanda. Outro fato foi que a linha de crédito passou a ficar um pouco mais criteriosa, houve análise de crédito. Portanto, menos consumidores buscaram essa modalidade de crédito", destacou.

Contudo, o presidente da Anef, Décio Carbonari de Almeida, explicou que os resultados foram positivos, e que a projeção ainda é de expandir as linhas de financiamento com crescimento de 10% sobre o acumulado em 2010, de R$ 185,9 bilhões (veja quadro acima).

O Crédito Direto ao Consumidor foi a opção mais procurada pelos consumidores, responsável por R$ 167,3 bilhões em financiamentos até setembro, na comparação com o mesmo período do ano passado. O leasing foi responsável pelos demais R$ 32 bilhões.

 

CALOTES

As mudanças nas regras da oferta de crédito, por outro lado, trouxeram efeitos negativos para quem parcelava seu carro próprio ou financiado. Isso porque a elevação de juros resultou no aumento da inadimplência. Dados da Anef mostram que os calotes cresceram 111,5% no ano. Quando se analisa dos dados de setembro contra o mesmo período do ano passado, observa-se alta de 89,3% na inadimplência para compras de veículos.

Hoje, o montante é de R$ 7,377 milhões em dívidas atrasadas por mais de 90 dias. Há um ano, o valor era de R$ 3,897 milhões, ou seja, ele mais que dobrou. Para Augusto, o resultado é um alerta, pois os financiamentos superam em muito os valores dos bens, tornando uma bola de neve os calotes no segmento automotivo.

 

Queda dos juros e 13° salário vão reaquecer setor automotivo

 

Com o pagamento do 13° salário, os consumidores devem estimular as linhas de financiamento dos bancos das montadoras. É o que prevê o especialista no setor automotivo Luis Carlos Augusto. Soma-se à última parcela salarial o novo ciclo de baixa dos juros para reforçar o reaquecimento do setor. A taxa básica de juros, hoje em 11,5% ao ano, teve seu pico em 12,5% ao ano, entre julho e agosto.

"Querendo ou não, haverá essa aceleração, porque muitos clientes deixam justamente para fazer compras de automóveis a prazo quando recebem o 13° salário."

Para o consultor, o cenário será estimulado nos próximos meses, sobretudo para as montadoras com fábricas sediadas no Brasil, que estocaram 374,3 mil veículos zero-quilômetro em outubro, maior quantidade desde 2008 em seus pátios. Isso porque houve repressão na demanda durante o ano, e porque o consumidor tem olhado mais para os carros importados, mais atrativos no custo-benefício e design do que veículos produzidos no País.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;