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Equador dá o primeiro passo para a dolarizaçao na AL
Das Agências
18/12/2000 | 11:35
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O Equador, com seus 12,5 milhoes de habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) que sofreu uma contraçao de 8% em 1999, deu o primeiro passo para a dolarizaçao na América Latina ao converter a moeda americana na única válida para transaçoes no país em 10 de setembro passado.

Dessa maneira, o dólar sepultou o sucre equatoriano, uma moeda existente há 116 anos, em uma decisao sem precedentes, pois o Panamá e a Argentina nao abriram mao de suas próprias moedas, mesmo que equiparadas à americana com a implantaçao de seus sistemas de 'convertibilidade'.

O Equador optou pela dolarizaçao de sua economia depois de sofrer a pior crise de sua história, em 1999, durante o período em que a inflaçao atingiu quase 61% e o dólar se valorizou quase 200% frente ao sucre, enquanto que a queda do PIB de 8% refletiu uma marcante diminuiçao do investimento e do consumo privado.

A desvalorizaçao monetária ficou em 23,5% apenas na primeira semana do ano 2000, chegando a cotaçao do dólar ao recorde de 25 mil sucres.

Em uma tentativa de pôr fim à instabilidade econômica, o Executivo - com o aval do Parlamento - implantou a dolarizaçao em 13 de março último, a um câmbio de 25 mil sucres.

Seis meses depois, o Banco Central do Equador (BCE) retirou 91% das moedas e cédulas em sucres num equivalente a US$ 419,5 milhoes. E também colocou em circulaçao moedas nacionais similares às de centavos de dólar cunhadas no México e no Canadá e com inscriçoes em espanhol.

No entanto, a dolarizaçao - como propôs o ex-presidente argentino Carlos Menem para toda a América Latina - nao chegou a ser o remédio para solucionar os problemas do Equador e, onze meses depois de ser aplicada, está longe de controlar a inflaçao, que de janeiro a outubro de 2000 chegou a 82,5%, enquanto que a anual disparou para 105%.

O presidente equatoriano, Gustavo Noboa, defende a irreversibilidade da dolarizaçao, em funçao da qual, por outro lado, o PIB cresceu 2,4% no segundo trimestre de 2000 contra 0,5% do primeiro.

Segundo o BCE, o aumento do PIB de 2,4% se deve a uma melhora da produtividade nos setores agrícola, de manufatura, elétrico, da construçao, transporte e outros serviços.

O Governo espera alcançar uma reativaçao da economia cifrada em um aumento do PIB de 3,5% a 4% para o segundo semestre de 2000, crescimento que até agora marca por sua ausência, de acordo com Alberto Acosta, um conhecido analista econômico e ex-candidato presidencial pelo setor indígena.

Acosta afirma que os porta-vozes governamentais e analistas ligados ao regime nao se cansam de pregar a dolarizaçao como uma oportunidade histórica para estabilizar a economia e desencadear sólidos processos de geraçao de trabalho, riqueza e bem-estar.

'Lindas palavras, pobres resultados', enfatizou Acosta, para quem primeiro se deve estabilizar a deteriorada economia nacional para que a dolarizaçao funcione.

O desemprego alcança 14,4% da populaçao ativa, enquanto a pobreza afeta 70% dos 12,5 milhoes de equatorianos, dos quais 26% encontram-se em extrema pobreza, segundo os últimos estudos.

Mas, apesar de um certo pessimismo que se sente no país entre as pessoas comuns e afetadas pela falta de emprego e salários que nao cobrem as necessidades básicas, a dolarizaçao tem sido apoiada pelos Estados Unidos e órgaos internacionais de crédito, que, com a mudança monetária, começaram a entregar a Quito empréstimos no valor de US$ 2,05 bilhoes.

'A opiniao internacional é que o Equador deu um salto muito importante este ano ao adotar medidas de ajustes fiscais que conduziram à dolarizaçao', expressou, por sua vez, Enrique García, presidente da Corporaçao Andina de Fomento (CAF, braço financeiro da Comunidade Andina de Naçoes, CAN).

'Até o momento se vê que estao dando resultados', manifestou García em entrevista durante uma recente visita a Quito.

O presidente da CAF enfatizou que, no Equador, existem condiçoes apropriadas para um desenvolvimento, apesar de haver preocupaçao porque o processo de reformas econômicas nao está seguindo o ritmo que se tinha previsto.

García afirmou que a comunidade internacional e a própria CAF 'estao desejosos de apoiar todo esse processo de mudanças com recursos financeiros, apoio técnico e experiências de outros países para que o Equador faça o melhor e sejam evitados os erros'.




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