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Duas décadas de música sinfônica
Ademir Médici
Do Diário do Grande ABC
24/04/2008 | 07:04
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Em 24 de abril de 1988 a Orquestra Sinfônica Jovem de Santo André fazia sua primeira apresentação. Na regência, Flavio Florence. Foi um espetáculo de gala no Teatro Municipal de Santo André. No repertório, Heitor Villa-Lobos, Joseph Haydn, Beethoven e Jean Sibelius.

Nesta quinta-feira, exatos 20 anos depois, o termo ‘Jovem’ permanece oficialmente no nome da orquestra, mesmo que a divulgação dos espetáculos já não o utilize como de início. Algo programado já em 1988, revela Florence, regente por concurso público desde o começo.

A idéia, segundo Florence, era que com o passar dos anos a orquestra amadureceria naturalmente e se perpetuaria como referência no cenário cultural e musical de Santo André, com mais fôlego e profissionalismo que as suas antecessoras na cidade, a primeira orquestra, dos anos 1950, liderada pelo russo Leonid Urbenin, e a orquestra regida por Tibor Reisner, dos anos 1970, que deixou gravações feitas em apresentações ao lado do Coral da Fundação Santo André.

Mesmo com essa visão de longo prazo, não havia a certeza de que a terceira Orquestra Sinfônica de Santo André sobreviveria, por conta de eventuais ingerências político-partidárias. No mesmo ano da sua estréia, houve eleições municipais. A oposição representada pelo PT de Celso Daniel e José Cicote assumiria em 1º de janeiro de 1989. E a orquestra, uma iniciativa dos antecessores e adversários políticos Newton Brandão, prefeito, e Durval Daniel, então secretário de Educação e Cultura, poderia, segundo o próprio Florence, ficar pelo caminho.

A realidade mostrou outra possibilidade. O prefeito Celso Daniel se revelou um colaborador e fã fiel da orquestra, que nesta quinta-feira atinge duas décadas ininterruptas de apresentações independentemente de cores partidárias e de há muito consagrada pelo público, crítica e platéias.

Grandes momentos - Daniel de Melo acompanhou os estudos que levaram à criação da orquestra. Viu seus primeiros espetáculos. Apreciou como cidadão a fase inicial. E tornou-se o seu produtor, em 1992, tarefa que divide com Tânia Garcia. Para ele, um dos grandes momentos da orquestra foi um concerto compartilhado em 1996 com o pianista Nelson Freire.

Adriana Maresca concorda com Daniel. Violinista e presidente da Associação dos Músicos e Equipe Técnica da Orquestra, ela cita mais dois momentos áureos: a montagem das óperas Don Pasquale (duas vezes) e a A Flauta Mágica. E nunca esquece a execução da dificílima Sagração da Primavera. Adriana está há 19 anos na Orquestra Sinfônica de Santo André.

Muito mais pode ser alinhavado. A lista dos solistas que se apresentaram com a Sinfônica de Santo André inclui, além de Nelson Freire, pianistas como Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Marcelo Bratke, Jean-Louis Steuerman, Eudóxia de Barros, Caio Pagano, Giuliano Montini, Adriano Jordão, Gilberto Tinetti e Eduardo Monteiro. E os violinistas, violoncelistas, flautistas, cantores e instrumentistas da própria orquestra.

O Teatro Municipal de Santo André, inaugurado em 1971, é a casa da orquestra. Quando o Cine-Teatro Carlos Gomes voltou a ser espaço cultural – depois de ter sido estacionamento de veículos automotores – foi a Sinfônica quem fez o primeiro grande espetáculo.

Espaços paulistanos como o requintado Theatro Municipal e o histórico Theatro São Pedro são cenários constantes da Sinfônica de Santo André. Idem os Festivais de Inverno de Campos do Jordão e Paranapiacaba. Sem se considerar os espaços alternativos, parques, praças públicas, escolas.

O teatro e dança fazem parceria com a Sinfônica. Houve atuação com atores como Antonio Fagundes, Cacá Carvalho, Sérgio Mamberti e a andreense Sonia Guedes. Com bailarinos do porte de Ana Botafogo e Marcelo Misailidis. Com cantores e músicos como Edson Cordeiro, também andreense, Mônica Salmaso, Ná Ozetti, o são-bernardense Bocato, Oswaldinho do Acordeon e Hermeto Paschoal. O seu pódio já foi compartilhado por maestros como Enrique Bátiz, Grahan Griffiths, Eduardo Rahn e Cláudia Feres.



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