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Líder iraquiano quer poder ao povo
Da AFP
10/06/2003 | 23:55
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O líder do chamado CNI (Congresso Nacional Iraquiano), Ahmad Chalabi, pediu terça-feira uma rápida transferência do poder político ao povo iraquiano, argumentando que isso poderá acelerar a busca de armas de destruição em massa.

Ao falar ao Conselho de Relações Exteriores, uma organização com sede em Nova York, Chalabi criticou a “desistência” das forças de ocupação no Iraque em abrir imediatamente o processo político aos iraquianos.

Também manifestou sua preocupação pela decisão de Paul Bremer, o administrador civil norte-americano no Iraque, de desconsiderar a prometida conferência nacional e substituí-la por uma consulta informal dos Estados Unidos para eleger a nova administração iraquiana.

Opinião – “Não é possível fabricar líderes”, afirmou Chalabi. “Os líderes nascerão através de um processo de debate político. E a melhor maneira é que esse processo político comece logo.”

Chalabi também argumentou que a abertura do processo político acelerará a busca de membros do regime de Saddam Hussein e, ao mesmo tempo, das armas de destruição em massa, as quais, insistiu, estão escondidas o país.

Mudanças – O nome do ex-presidente Saddam Hussein foi substituído pelo de personagens venerados pelos xiitas em Bagdá, cidade cujos muros contam a crueldade do tirano apelidado de “Pai de todos os cemitérios”, apenas dois meses depois de sua queda.

Depois das estátuas derrubadas, as efígies gigantes retiradas ou destruídas, o nome de Saddam Hussein desaparece após 23 anos de poder sem interrupção, mas este movimento de rejeição popular é acompanhado geralmente de uma volta das figuras veneradas pelos xiitas, majoritários nesse país.

Saddam-City, a periferia popular de Bagdá onde vive 1,5 milhão de habitantes, foi a primeira a trocar seu nome para Sadr-City, em referência a um dignitário xiita assassinado pelo ex-homem forte do Iraque.

A ponte Saddam, a maior de Bagdá, foi rebatizada de ponte Al-Hussein, nome do filho do imã Ali, primo e genro do profeta Maomé e o personagem mais venerado pelos xiitas.

A lista dos lugares que mudaram de nome é longa, como por exemplo a universidade Saddam, que virou Universidade dos Dois Rios, em referência ao Tigre e Eufrates, cujas águas cortam o Iraque.

A rua Abu Nawas, que se tornou célebre pela estátua de um dos mais famosos poetas árabes (775-815), conhecido por seus versos que elogiavam o prazer carnal e a bebida, foi rebatizada de avenida do imã Mehdi Mohammad, o décimo-segundo imã, cuja vinda os xiitas esperam.

No bairro Al-Mansur, o mais luxuoso de Bagdá, a avenida do Profeta (Maomé) substitui a do 14 Ramadan, que comemorava a queda da monarquia e a proclamação da república no Iraque, no dia 14 de julho de 1958.

Na rua Rachid, alguns homens derrubaram a estátua de Abdelwahab Al-Gurairi, que morreu ao tentar assassinar em 1959 o então presidente Abdel Karim el Kassem, primeiro chefe de Estado depois da queda da monarquia. Agora um cartaz informa que a praça se chama Kassem.

Mais curioso ainda: pessoas sem teto pintaram a frase “casa ocupada” nas paredes das casas e mansões da área e se instalaram nelas.




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