Política Titulo Editorial
Pelo direito de investigar
Do Diário do Grande ABC
04/10/2019 | 11:56
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A Constituição da República, promulgada em 1988, não deixa margem a dúvidas sobre as funções dos vereadores. A eles compete fiscalizar cada passo do prefeito, de modo a manter a administração dentro dos padrões éticos e morais exigidos pela sociedade. Daí ter causado estranheza o fato de 16 parlamentares de Mauá rejeitarem, sem a mínima discussão e nenhuma justificativa, a proposta de instauração de CPI para investigar a atuação da Suzantur, concessionária de transporte público, no município. E isso justamente no momento em que, além da insatisfação dos usuários com a (falta de) qualidade do serviço prestado pela concessionária, avolumam-se dúvidas sobre as relações da empresa com a administração da cidade.

O sepultamento da tentativa de investigar a Suzantur, capitaneado pelos vereadores da base de sustentação do prefeito Atila Jacomussi (PSB), reservou momentos de alta excentricidade. O principal deles, sem margem para questionamento, foi o comportamento dos legisladores Ricardinho da Enfermagem (PTB) e Pastor José (PSDB), que votaram contra a comissão em plenário embora tenham sido signatários do pedido. A explicação para mudança tão radical de comportamento na última hora? Se houve, a dupla guardou-a para si.

É por isso que merece destaque o empenho dos vereadores Adelto Cachorrão (Avante) e Fernando Rubinelli (PDT) em passar a limpo os contratos entre Suzantur e Mauá. Eles vão entrar com ação para que a Justiça obrigue a Câmara a instaurar a CPI. Há suspeitas de sobra, especialmente sobre o descumprimento do contrato em relação ao número mínimo de ônibus em circulação e a exploração do cadastro público de passageiros do sistema por empresa privada para a venda de cartões de crédito.

Triste o município cujos vereadores precisam acionar a Justiça para fazer com que o Legislativo cumpra o papel que lhe obriga a Carta Magna. Mas se esse é o único caminho existente, que ele seja percorrido em nome da transparência que deve prevalecer nos negócios públicos.




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