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'Museu para inutilidade será megafábrica até julho', diz Doria

Governador assinou ordem de serviço em S.Bernardo, mas evitou falar de Lula; Morando reiterou que equipamento era símbolo da corrupção

Fabio Martins
Do Diário do Grande ABC
02/10/2019 | 13:05
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André Henriques/DGABC


Depois de realizar agenda em São Caetano, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), se deslocou nesta quarta-feira (2) para São Bernardo para assinar a ordem de serviço das obras da Fábrica de Cultura, no lugar do Museu do Trabalho e do Trabalhador, no Centro. Durante a solenidade, ao lado do prefeito Orlando Morando (PSDB), o tucano fez críticas à condução do antigo espaço no governo Luiz Marinho (PT) e afirmou que “aquilo que era o museu da inutilidade e cultura da personalidade de uma pessoa”, em referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), será transformado em “equipamento voltado para todos, não figura única, seja mito ou não mito”.

Em sua fala, Doria evitou, contudo, citar Lula nominalmente em relação ao caso. O governador relembrou que as intervenções estavam inacabadas após interferência do MPF (Ministério Público Federal) e Justiça, diante da deflagração da Operação Hefesta. “Contrariava a política da transparência e de boa gestão. Agora será megafábrica, tecnologia 4.0, exemplo transformador de algo que vinha no caminho errado, frente a despesas altíssimas”, alegou, frisando que as obras têm prazo de término até começo de março. Segundo ele, a estimativa de inauguração completa, com 100% em operação a partir da aquisição dos materiais e contratação da OS (Organização Social), deve acontecer em julho de 2020.

A Hefesta surgiu em dezembro de 2016. À época, a apuração apontou envolvimento de agentes públicos e empresários em fraudes e desvio de pelo menos R$ 7,9 milhões durante a construção do museu. Segundo as investigações, pelo menos 18 pessoas formaram organização criminosa para obter vantagens ilícitas por meio de fraude à licitação e na execução de contrato, peculato, inserção de dados falsos no sistema de gestão de convênios do governo federal e falsidade ideológica. A obra deveria ter sido concluída em 2013, ao custo de R$ 18 milhões. Foram três prorrogações do contrato. O valor do convênio, na ocasião, passou de R$ 21 milhões, sendo R$ 7 milhões do município.

Após a conclusão das obras, o prédio será gerido pelo Estado, que irá lançar chamamento público para vínculo da OS que vai executar os projetos culturais nos aproximadamente 12 mil metros quadrados de terreno - são cerca de 6.000 metros quadrados de área construída. Desde a autorização da Justiça, a Prefeitura de São Bernardo contratou empresa e despenderá R$ 4,5 milhões para finalização das intervenções na unidade. O Palácio dos Bandeirantes entrará com R$ 14 milhões nos equipamentos e na contratação da OS. “São praticamente R$ 19 milhões para colocar em condições de funcionamento”, emendou Doria.

Morando reforçou, por outro lado, que o espaço era considerado “museu da corrupção, que feria o orgulho dos moradores de São Bernardo”. O prefeito pontuou, no discurso, que após pesquisa de opinião, identificou que a população queria outra destinação ao equipamento antes voltado para tributo à história dos operários na cidade. “Homenagem ao trabalhador não é colocando foto do trabalhador, é dando futuro aos filhos dos trabalhadores. E agora vamos trazer essa fábrica de sonhos”, disse, ao acrescentar que um “grande mal foi cometido” no local, em alusão a Hefesta, deus grego do trabalho e da metalurgia que denominou a operação federal.  




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