São cinco décadas de trajetória, em caminho no qual, mais do que a construção de um patrimônio, o que tem valor e serventia são coisas mais íntimas e menos palpáveis: a oportunidade de dar recado de bondade, o espaço para fortalecer o pensamento e a efetivação de amizades.

Todo os sentimentos são a força mais comum nos integrantes do Grupo Cênico Regina Pacis, que hoje completa 50 anos fazendo teatro amador em São Bernardo.

Elaborado por Antonino Assumpção, surgido da necessidade dos garotos e garotas da Igreja Matriz encontrarem algum tipo de diversão e poder se reunir em grupos mistos - até então viviam separados, os meninos, Marianos e as mulheres, Filhas de Maria - o grupo traça importante painel da história do teatro amador.

Surgiu fazendo os esquetes que eram comuns na primeira metade do século passado. Aguerriu-se no período da ditadura e chegou a ser censurado pela montagem de 'Liberdade, Liberdade', de Millôr Fernandes e Flávio Rangel. Participou de inúmeros festivais de teatro amador nos períodos de ouro destes, e foi coroado no 3º Festival do Sesc em 1970, pelo júri e pelo povo.

Viu crescer ao largo a profissionalização do seu exercício, escassear os espaços e aumentar as companhias teatrais. Deparou-se com a dificuldade de conseguir liberação para apresentar projetos de outros atores - porque não é um espaço onde se recebe pelo que faz. Toda a verba arrecadada é destinada exclusivamente à produção do próximo projeto.

"Temos uma história que passou por muitas mudanças sociais e culturais, mas nunca fomos engajados no sentido de levantar bandeira. Somos um grupo que busca fazer teatro de qualidade, que busca levar para o outro algo que o faça se descobrir interessante, que lhe desperte a vontade de poder fazer alguma coisa", diz Ana Maria Médici, que está há 44 anos no Regina Pacis.

São mais de 100 espetáculos no currículo, e um sem número de integrantes, que até hoje não é bem definido. "Todos têm seus trabalhos paralelos, é muito difícil reunir todo mundo. Muitos de nós às vezes ficam um tempo sem aparecer e depois voltam", conta a diretora Hilda Breda, também há 44 anos no grupo.

FUTURO
Em cartaz com o infantil 'Bate-papo na Feira', eles planejam para agosto exposição com seu acervo e livro com a história da companhia.

Bate-papo na Feira - Teatro. No Teatro Elis Regina - Avenida João Firmino, 900, São Bernardo. Tel.: 4351-3479. Hoje e amanhã, às 16h. Ingr.: R$ 3.