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Militar uruguaio envolvido em ‘Operação Condor’ pede asilo ao Brasil
Da AFP
03/03/2005 | 15:07
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O coronel reformado do Uruguai Manuel Cordero, que tem um pedido de extradição da Argentina por possíveis vínculos com a Operação Condor das ditaduras militares sul-americanas da década de 70, formalizou um pedido de asilo ao Brasil, onde está foragido. A informação foi dada pelo jornal uruguaio El País de Montevidéu, em sua edição desta quinta-feira.

O diário contou que a solicitação de asilo aconteceu na quarta-feira e será remitida a Brasília, ou seja, à sede central da Polícia Federal. O militar se apresentou com seu advogado, o brasileiro Julio Favero, ante a delegacia da PF da cidade de Santana do Livramento, fronteira com o Uruguai, tal como exige a lei brasileira.

Cordero já deveria ter comparecido pessoalmente na semana passada à Polícia Federal, mas nesta data seu advogado entrou com um atestado médico para adiar seu comparecimento, ao que tudo indica, para escapar da presença de jornalistas.

Na quarta, ao assistir em Montevidéu às cerimônias da posse presidencial de Tabaré Vázquez, o chanceler argentino Rafael Bielsa anunciou que havia pedido ao embaixador brasileiro em Buenos Aires, Mauro Vieira, que acelerasse os trâmites de extradição de Cordero, com a qual o diplomata do Brasil já havia manifestado compromisso.

A Justiça uruguaia, que também tinha pedido sua extradição, reiterou a solicitação por entender que os delitos do acusado, apologia ao crime e desacato, têm previsto uma pena de prisão máxima de 18 meses e o Tratado de Extradição do Mercosul, assinado em 1996, não contempla estes delitos.

O coronel reformado está foragido no Brasil desde agosto passado, quando violou a proibição de abandonar o Uruguai, imposta por um juiz penal.

Cordero foi reconhecido pelas vítimas da ditadura (1973-1985) como um dos principais responsáveis, junto com outros militares reformados, de crimes de tortura, seqüestros e outras violações dos direitos humanos no último período do governo militar uruguaio.

A Justiça argentina, que em 2001 lançou o pedido de extradição ao Uruguai, o qual não foi atendido, deseja processar o militar por tê-lo como um dos participantes da Operação Condor em Buenos Aires.

A Operação Condor foi um plano secreto aplicado pelas ditaduras militares sul-americanas nos anos 70 para eliminar seus opositores, o que teria provocado desaparecimentos na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai.




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