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Cientistas divergem sobre danos de celular à saúde
Do Diário do Grande ABC
20/06/2000 | 11:13
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Os telefones celulares provocam tumores, afirmam alguns cientistas, enquanto que a maioria da comunidade científica dá a entender que a única coisa que eles produzem sao rumores infundados. O tema foi objeto de um debate esta semana, na Assembléia Nacional francesa.

Responsável por um vasto programa norte-americano de pesquisas sobre a telefonia celular (que pôs em evidência os riscos dos celulares para os cardíacos que utilizam marcapassos), o professor George Carlo afirma que as ondas emitidas pelos telefones portáteis podem acarretar danos irreparáveis ao DNA (o patrimônio genético).``Esses danos constituem a primeira etapa para a proliferaçao de tumores cancerosos', declarou Carlo.

Segundo o cientista, os celulares sao responsáveis também por um notável aumento do risco de tumores no nervo acústico e por um aumento (de 300%) de um tipo de tumor cerebral normalmente muito raro, que aparece geralmente do lado da cabeça em que o telefone é usado. ``Lamentavelmente, esses tumores se situam fora da zona de 5 a 7 cm estabelecida pelos especialistas para que sejam levados em consideraçao os efeitos das radiaçoes de microondas de baixa freqüência', afirma o especialista.

Por causa desses resultados, o professor Carlo afirma que ``a segurança dos usuários nao está garantida'. Para ele, deveriam ser realizadas novas pesquisas, particularmente sobre os efeitos da utilizaçao dos telefones celulares entre crianças e mulheres grávidas. ``É possível que nossas observaçoes sejam simples coincidências, mas também é possível que estejamos vendo apenas a ponta de um iceberg, e como os resultados das pesquisas iniciadas hoje só vai sair pelo menos dentro de cinco anos, é urgente agir', afirmou.

Com exceçao do físico Gérard Hyland, da universidade de Warwick, em Coventry, que se declarou ``totalmente de acordo' com seu colega, estimando que ``um pouco de prudência nao fará mal a ninguém', os resultados apresentados pelo professor Carlo nao convenceram os outros cientistas.

O professor Bernard Veyret, do CNRS (Centro Nacional Francês de Pesquisas Científicas) e responsável por um programa de pesquisas sobre as conseqüências fisiológicas dos telefones celulares, descartou com firmeza os argumentos de Carlo. ``Nao compreendo por que nao apresenta corretamente os resultados obtidos pelos investigadores cujo trabalho supervisiona', disse.

Sem esperar que os cientistas cheguem a um consenso, os políticos pedem a maior quantidade possível de informaçoes aos usuários, já que, nas palavras de uma deputada, ``ainda que nao haja certezas, existe uma dúvida científica verdadeira e há que se aplicar o princípio da precauçao'.

Na Europa, será realizado um amplo estudo, para verificar se a utilizaçao dos telefones móveis traz riscos para a saúde. A pesquisa será supervisionada pelo Centro Internacional de Pesquisas sobre o Câncer de Lyon (Leste da França), agência de pesquisas da Organizaçao Mundial de Saúde (OMS).




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