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Coisas de português
Heloísa Cestari
Enviada a Portugal
27/10/2005 | 09:39
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No caminho inverso de redescobrimento das nossas origens, o turista depara-se com algumas curiosidades que soariam como piada se não estivéssemos em território lusitano. Só lá, por exemplo, é possível encontrar um prato típico à base de um produto 100% importado. Todo o bacalhau consumido no país é, na verdade, trazido da Noruega – o que leva muitas portuguesas a acreditar realmente na tal história de que bacalhau não tem cabeça, uma vez que ele chega da Escandinávia já prontinho para o consumo. Mas é na Terrinha que se experimenta as mais variadas e saborosas receitas do peixe, uma para cada dia do ano. Em Aveiro, a Norte de Lisboa, tem até um museu dedicado ao bacalhau, que,

na versão salgada, garantiu o sustento de muitos navegadores em suas longas jornadas além-mar.

Mas o mais curioso produto de importação, por incrível que pareça, não é o peixe, e sim os toureiros da Espanha. É isso mesmo: como nas touradas lusitanas é proibido matar o animal, algumas localidades, a exemplo de Barracos (no Alentejo), costumam "importar" toureiros da Espanha para fazer o servicinho sujo. Depois, o profissional do abate toma chá de sumiço para além da fronteira. Quando alguém resolve investigar os "assassinos" do touro, já é tarde demais: ninguém o conhece nem sabe do seu paradeiro...

Outras curiosidades, por sua vez, parecem desafiar as linhas do tempo. Enquanto a Expo esbanja futurismo e mais de 60 praias lusitanas já contam com acesso para deficientes físicos, em Lisboa, os elétricos – bondes de madeira que transportam os passageiros entre os principais bairros da região central – parecem ter sido extraídos de um filme dos Flintstones. Chega a ser ilário ver o motorista ter de girar o acelerador (o volante mais parece um timão) e descer do elétrico para, com o auxílio de um ferrinho, mudar o sentido do trilho. O veículo é tão pré-histórico que, recentemente, a cidade de Santos, no litoral paulista, importou alguns modelos como parte do projeto turístico de resgate às origens do Centro Histórico. O que pra eles é uma lata – ou melhor, madeira – velha, para nós é motivo de atração turística... Coisas de português!




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