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Rocha Mattos tentou chantagear diretor da Polícia Federal
25/12/2003 | 19:24
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Ao ser preso, no final de outubro, o juiz federal João Carlos da Rocha Mattos tentou chantagear o diretor-geral da PF (Polícia Federal), Paulo Lacerda. Mattos ligou para o celular do diretor-geral, mencionando a suposta existência de fitas sobre a morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel. “Sei que nós estamos sendo gravados”, afirmou Rocha Mattos. “E o senhor (Lacerda) sabe que é por causa da fita do PT.”

O fato foi revelado na semana passada, quando os investigadores da PF avaliaram que uma das táticas utilizadas pelos presos na Operação Anaconda seria de envolver autoridades do atual governo.

O fato causou estranheza em Lacerda, que conhece Rocha Mattos há anos, já que o juiz federal também foi delegado da PF. Além disso, quando assessorou a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Roubo de Cargas, o diretor esteve por várias vezes com Mattos, que atuava na área criminal da Justiça Federal de São Paulo.

A ligação foi feita para o celular de Lacerda, que depois trocou os números para evitar que sua imagem fosse usada em benefício dos presos.

Para o diretor da PF, Rocha Mattos afirmou que havia mandado destruir as fitas originais relacionadas ao Caso Santo André, mas tinha recebido uma outra cópia. “Tem uns assuntos que gostaria que fossem restituídos”, afirmou o juiz para o diretor da PF, esclarecendo em seguida: “Acho que estão com a fita do PT de Santo André”.

“Nas buscas que fizemos não apreendemos nenhuma fita. Por isso achei estranho a ligação”, disse Lacerda.

Para os investigadores, a ligação pode ter sido uma forma de chantagear a direção da PF, já que as fitas poderiam revelar fatos novos relacionados com a morte de Celso Daniel e que viessem a atingir a administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O mesmo argumento chegou a ser utilizada pela auditora fiscal aposentada Norma Regina Emílio Cunha, ex-mulher de Rocha Mattos.

No depoimento que prestou à CPI da Pirataria, em Brasília, há duas semanas, Norma recusou-se a falar sobre a existência das fitas. “Eu quero ficar em silêncio. Eu preciso ficar em silêncio”, afirmou a auditora, num gesto que, segundo avaliação dos parlamentares presentes à sessão, seria apenas de encenação. “A questão das fitas é um blefe”, afirmou a deputada Vanessa Grazzotin (Pc do B-AM).

Na próxima semana, a CPI da Pirataria deverá ouvir o depoimento de Rocha Mattos, mas se pouco espera de novo, como aconteceu no interrogatório de Norma. Segundo alguns parlamentares que compõem a comissão, o assunto relacionado às supostas fitas do Caso Santo André será o principal tema que o juiz federal deverá adotar, a exemplo de sua ex-mulher. “É uma forma de tentar pressionar e impressionar quem está investigando tanto a morte do prefeito quanto a Operação Anaconda”, afirmou um deputado.

A partir do dia 5 de janeiro, a PF vai abrir inquérito para apurar o envolvimento de outros policiais no caso Anaconda.




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