O apedrejamento a um avião venezuelano num aeródromo da Bolívia por parte de grupos civis opositores ao presidente Evo Morales acentuou a polarização política no país, com as acusações de que a nave - atualmente no Brasil - transportava armas, o que é negado pelo governo.

Este incidente, que aconteceu quinta-feira, quando um Hércules da Força Aérea venezuelana atacado por uma multidão em Riberalta (nordeste) foi obrigado a decolar sob a suspeita de que transportava armas e efetivos militares, detonou um novo componente no confronto entre governo e opositores.

O líder do principal partido da oposição, o ex-presidente conservador Jorge Quiroga, acusou o governo e as Forças Armadas da Bolívia de permitir que a Venezuela viole a soberania boliviana. E pediu ao governo do Brasil, onde o avião aterrissou posteriormente, revelar o conteúdo exato de sua carga. "O avião pousou em Rio Branco, no Acre (região Norte do Brasil), e pedimos que seja investigada a presença de militares venezuelanos e se transportam armas", disse ele ao jornal La Prensa.

Carlos D'Arlach, senador do partido Poder Democrático Social (Podemos), exigiu mais "transparência em todos os vôos realizados por aviões venezuelanos". O ministro de Governo, Alfredo Rada, considerou "absurda" a versão da oposição."Faltam argumentos e tentam fazer gerar um clima de confronto", alegou.

Rada acusou os líderes da oposição - tendo como cabeças visíveis os governadores e dirigentes cívicos de Santa Cruz, Beni, Pando, Tarija e Cochabamba - de estimular um ambiente de histeria e de caráter xenófobo contra militares venezuelanos no país. A seu ver, os ataques à gestão de Morales estão liderados por Jorge Quiroga e articulados por uma estrutura conservadora dos antigos partidos políticos de direita.

O incidente aconteceu num momento em que Morales, aliado ideológico de Chávez, mantém forte confronto com partidos e organizações civis de direita descontentes com sua gestão.