Turismo Titulo
Poderosa por natureza
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
29/07/2010 | 07:49
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Não adianta. Quando o assunto é Sicília, na Itália, a primeira figura que vem à cabeça é sempre a daquele sujeito de cara fechada, charuto na boca e terno impecável, pronto para ordenar o assassinato de mais meia dúzia de ‘inconvenientes' em troca de uma maleta cheia de verdinhas. Afinal, foram décadas de filmes sobre a poderosa máfia siciliana. Mas não pense que encontrará um membro da Onorata Società dando sopa pelas esquinas de Siracusa como sugerem os roteiristas de cinema. Os mafiosos, aliás, nem moram mais lá. Pena para eles, sorte para os turistas que, ao visitar a Sicília, se surpreendem com muito mais atrativos dignos de ganhar as telas do que pôde sonhar a vã filosofia hollywoodiana.

Além de ser a maior ilha do Mar Mediterrâneo, com 25.708 quilômetros quadrados, a Sicília possui o maior vulcão da Europa, o Etna, e um conjunto arqueológico para Indiana Jones nenhum botar defeito. Isso sem falar nas suas praias de mar azul-turquesa e no sol, que faz questão de marcar presença em praticamente todos os dias do ano.

Não à toa, mais de 15 dominadores disputaram a região a tapa desde a pré-história até o último século. Primeiro foram os fenícios. Depois, gregos, romanos, bizantinos, vândalos, árabes e por aí afora. Só no século 18, seu território passou pelas mãos de três importantes conquistadores: os Savóia do Piemonte (1713), os austríacos (1720) e os Bourbon espanhóis (1734).

Até que, num belo dia, o lendário Giuseppe Garibaldi - aquele mesmo que participou da Revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul e foi interpretado por Thiago Lacerda na minissérie global A Casa das Sete Mulheres (2003) - resolveu acabar com esse infindável troca-troca na Sicília e anexou a ilha ao reino da Itália em 1860, com sua Spedizione dei Mille.

O motivo para tantos povos se apossarem do território estava não só nos seus atrativos naturais como na estratégica posição geográfica da ilha. Separada da Itália por um canal de apenas 3 quilômetros - o Estreito de Messina - e a 140 quilômetros da África, a Sicília representava um grande alvo de cobiça entre os comerciantes europeus e africanos.

E com tanta gente disputando a região, a conseqüência não poderia ser mesmo outra senão a salada de influências que resultou num conjunto arquitetônico pra lá de diversificado, com teatros gregos, pontes romanas, mesquitas sarracenas, castelos normandos e catedrais bizantinas. Relíquias históricas que a tornaram conhecida como Museu Arqueológico da Europa.

Impossível não deixar o pensamento viajar no tempo diante de monumentos como o teatro grego de Siracusa ou as ruínas romanas da Catânia, entre tantas outras preciosidades da antiguidade.

O mais curioso é que o acesso a esse passado distante é feito por estradas e viadutos ultramodernos, rumo a qualquer uma das três extremidades da ilha: Messina, Trapani ou Siracusa. Juntas, essas localidades formam a figura de três pernas que simboliza a Sicília e que levou os gregos a batizarem-na de Trinacria (que significa triângulo) durante o período em que predominaram na ilha.

E se depois de conferir de perto toda essa riqueza arqueológica, banhada pelas inconfundíveis águas do Mediterrâneo e vigiada pelo Etna, você ainda tiver vontade de ver algum mafioso, uma dica: compre uma passagem para Hollywood ou alugue uma fita de O Poderoso Chefão III na locadora mais próxima, porque na Sicília quem dita as regras hoje em dia é a natureza.

COMO CHEGAR
A Alitalia (www.alitalia.com) opera voos entre Guarulhos e Palermo, na Sicília, com preços a partir de 1.297,94 euros (cerca de R$ 3.000), com conexão em Roma.

Pelo site da Tam (www.tam.com.br), as passagens de ida e volta entre São Paulo e Milão saem a partir de R$ 2.094,32 (mais taxa de embarque). Os voos são diários. De lá, o turista terá de pegar outra aeronave com destino à Sicília - o trecho de ida e volta para Palermo custa a partir de 80,85 euros (R$ 183) pela Alitalia.

* As tarifas acima podem variar conforme a disponibilidade de assentos e correspondem à estadia mínima de sete dias e máxima de três meses no país.

PACOTES
A BBL Brasil Turismo possui roteiro de dez dias para a Sicília com preços a partir de US$ 2.980 (cerca de R$ 5.250) e embarque no dia 15. O valor inclui passagens aéreas pela Alitalia, traslados de chegada e saída, sete noites de hospedagem em apartamento duplo com café da manhã (três em Palermo, uma em Agrigento, duas em Siracusa e uma em Taormina, Giardini-Naxos ou Letojanni), seis almoços, sete jantares e passeios de ônibus, com guia acompanhante falando espanhol, por Monreale, Palermo, Taormina, Messina, Cefalú, Selinunte, Noto, Catânia, Agrigento e Siracusa, incluindo visitas ao Vale dos Templos e ao vulcão Etna. O pagamento pode ser parcelado em até seis vezes iguais. Tel.: 4994-7199. Site: www.bblbrasilturismo.com.br

Pela CVC, a parte terrestre do pacote de 11 dias intitulado Itália de Norte a Sul (passando por Pompéia, Milão, Roma, Veneza, Florença, Nápole, Sorrento, Capri, Perugia, Assis, Pádua, Ferrara, Verona e Sirmione) sai a partir de R$ 2.802,36, incluindo traslados de chegada e saída, nove noites de hospedagem em apartamento duplo com café da manhã, assistência de viagem internacional Travel Ace e jantar em Sorrento. O preço não inclui a parte aérea. A próxima saída está agendada para o dia 13 de agosto.

A Nascimento Turismo possui pacotes de seis dias para a Sicília que contemplam as cidades de Palermo, Erice, Marsala, Agrigento, Noto, Siracusa e Taormina. A parte terrestre sai a partir de 775 euros (cerca de R$ 1.800) e inclui cinco noites de hospedagem em apartamento duplo com café da manhã, transporte em ônibus de luxo com ar-condicionado e passeios com guia falando em espanhol. O preço não inclui a parte aérea e é válido para saídas até 21 de outubro. Tel.: 3156-9900. Site: www.nascimento.com.br

DOCUMENTAÇÃO
A Itália não exige visto de turistas a passeio, desde que o tempo de permanência no país seja inferior a 90 dias. Neste caso, basta apresentar passaporte com validade mínima de seis meses, a passagem de retorno e algum documento que comprove as reservas de hospedagem (pode ser o voucher do hotel). Se a acomodação for em casa de família, é necessário que os hospedeiros providenciem declaração registrada em cartório atestando o compromisso de acolher o turista.

SEGURO DE SAÚDE
O seguro de saúde não é obrigatório, mas aconselhável, pois vários outros países do espaço Schengen exigirão plano com cobertura mínima de 30 mil euros se o turista brasileiro quiser visitá-los. Há um acordo bilateral de assistência médica entre Brasil e Itália que assegura a utilização do sistema de saúde aos cidadãos de ambas as nações. Para usufruir deste benefício, o viajante verde-amarelo deve dirigir-se a um escritório do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) local e solicitar uma declaração dizendo que é beneficiário do INSS e indicando o seu período de permanência na Itália.

INFORMAÇÕES
Enit (Entidade Nacional Italiana para o Turismo) - Avenida Ipiranga, 344, 20º andar, conjunto 202 B, São Paulo (Edifício Itália). Tel.: 2189-2770. Site: www.enit.it




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