Com o governo Dilma Rousseff (PT) patinando após oito meses de gestão, aliado à onda de escândalos de corrupção que culminaram na ‘faxina' feita na Esplanada dos Ministérios por meio de demissões dos envolvidos, o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) volta a ser comentado como possível candidato à Presidência em 2014. A hipótese divide opiniões entre os políticos do Grande ABC.

O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), não descarta a possibilidade. "Do ponto de vista de 2014, acho muito cedo para falar. Até porque o presidente Lula, quando perguntado, diz que candidato em 2014 à Presidência da República é a presidenta Dilma. Essa é a posição do presidente Lula. Então não tem o que falar sobre isso. O que vai determinar isso ou não é o andar do governo e a vontade da Dilma. Se ela falar que não quer ser mais candidata à reeleição, teremos de substituir. No mais, não tem porque falar de Lula em 2014. É prematuro", avalia Marinho, um dos políticos mais próximos de Lula após deixar o Palácio do Planalto, em 1º de janeiro. "É verdade que muita gente, em vários estados, têm falado que precisa-se construir o Lula para 2014 de volta. Mas é muito cedo."

O deputado federal William Dib (PSDB-SP) faz análise irônica da situação. "Ele já saiu do governo? Se o Lula nem saiu da Presidência não tem nem como voltar. Ele continua lá, fazendo reuniões, despachando com ministros durante o expediente. Ele é o presidente da República de fato ainda. Orienta sobre obras, projetos...", discorre.

Colega do tucano na Câmara dos Deputados, mas do lado oposto da bancada, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), afirma que o retorno de Lula na eleição de 2014 sequer é comentada nos corredores do Congresso. "Pelo que conheço dele, não volta. A Dilma está cumprindo bem o seu mandato, agiu rápido diante dos problemas que se apresentaram. O Lula já desencarnou da Presidência."

O prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PV), acredita que o ex-mandatário petista pode voltar nas urnas daqui a três anos. "Ele indicou a Dilma Rousseff para sua sucessão por confiar nela, pois sabia que iria disputar em 2014. A Dilma é técnica e foi justamente por isso que ele a escolheu. Se colcoasse um político nato, como José Dirceu e Antonio Palocci, eles formariam seu próprio grupo e enterraria as pretensões de Lula", analisa o verde.

A presidente tem sofrido ataques, inclusive, de aliados, que criticam sua gestão e a condução política das tratativas que envolvem Brasília. Mais do que isso, de petistas. Por isso, Dilma Rousseff tem mudado seu estilo para ganhar a simpatia dos companheiros. A petista tem se reunido com líderes de partidos, ministros e empresários. 

SINAL

Na sexta-feira, durante o 4º Congresso Nacional do PT, o ex-presidente Lula sinalizou que apoiará a candidatura à reeleição de Dilma Rousseff em 2014. "Oito meses de governo é muito pouco para quem vai governar esse País por oito anos", afirmou, dizendo-se "muito orgulhoso" de sua sucessora e pedindo à população tempo para que apareçam as realizações do atual governo.