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Metrô deve elevar oferta de emprego em até 25%

Na prática, significa que entre 30 mil e 40 mil postos de trabalho podem ser criados na região

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
23/06/2019 | 07:23
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Nario Barbosa/DGABC


A vinda do Metrô para o Grande ABC, por meio da Linha 18-Bronze, poderá elevar a oferta de emprego entre 15% e 25%, conforme o segmento de atuação. Significa dizer que podem ser gerados de 30 mil a 40 mil postos de trabalho para os moradores das sete cidades. A estimativa é do gerente da agência de recrutamento Luandre na região, Luiz Henrique Souza.

Entre as 13 estações previstas, 12 estão no Grande ABC. Há construções em São Caetano – Goiás, Espaço Cerâmica, Estrada das Lágrimas, Praça Regina Matiello e Mauá –, São Bernardo – Afonsina, Winston Churchill, Senador Vergueiro, Baeta Neves, Paço Municipal e Djalma Dutra –, além da FSA (Fundação Santo André) e da Bom Pastor, em Santo André.

O maior impacto, de expansão de 25%, de acordo com Souza, será na criação de vagas que exigem menor qualificação, com remuneração entre R$ 1.000 e R$ 2.000, a exemplo de posições de atendimento, operação, vendas e varejo.

“Hoje, muitas empresas não têm a opção de buscar mão de obra em outra cidade devido ao tempo de deslocamento e do horário de trabalho”, afirma o gerente da Luandre. “Por exemplo, uma indústria têxtil de Diadema, nossa cliente, que fabrica cobertores e tapetes, entre outros, tem o primeiro turno iniciando às 5h30 e, o último, encerrando às 23h. Ela não consegue trazer costureira de Mauá pela dificuldade de conseguir transporte público nesses horários, ainda mais que a maioria dessas profissionais é de mulheres. O Metrô, em casos assim, com certeza ajudaria. Assim como em firmas que atuam com terceiro turno, de madrugada”, exemplifica o gerente da Luandre, que possui unidade em Santo André.

Na sequência, a parcela de profissionais que mais deverá ser beneficiada indiretamente pelo modal, com aumento de 15%, será a composta por analistas, técnicos e assistentes, que recebem de R$ 2.500 a R$ 5.000.

Mesmo a fatia que concentra quem ganha mais, de R$ 5.000 a R$ 15 mil, caso de especialistas, coordenadores, supervisores, por exemplo, executivo de contas com responsabilidade de líderes, mas sem equipe abaixo, será beneficiada, com alta de 5%. “Geralmente, para a contratação desses profissionais pouco importa de onde eles venham, já que eles são recrutados por sua qualificação.”

O executivo destaca que a empresa que contrata um funcionário que, em vez de gastar quatro ou cinco horas por dia no trajeto entre a casa e o trabalho gastar a metade, ela terá melhor saúde mental, física e diminuirá os riscos de desenvolver acidente do trabalho e, consequentemente, de gerar mais despesas ao empregador. “Tem muitos profissionais afastados por depressão, também. Com mais tempo para passar com a família, o funcionário trabalha mais feliz e a qualidade de seu serviço aumenta. E o Metrô traria isso.”


Gasto com condução irá diminuir em torno de 40%

Parte desse crescimento indireto de vagas aos moradores do Grande ABC se deve ao fato de as empresas gastarem menos com o vale-transporte. O gerente da agência de recrutamento Luandre na região, Luiz Henrique Souza, estima que a redução pode chegar a 40%. Além disso, com a vantagem de atrair gente qualificada de outras localidades também anima os empregadores, assim como o aumento da capacitação da mão de obra e o estímulo natural da economia em regiões que contam com o modal.

“Quando a empresa nos contrata para recrutar profissionais, geralmente uma das condições é consumir número limitado de conduções”, revela. Ele exemplifica ao dizer que, funcionário que toma quatro meios de transporte para ir outros quatro para voltar, e que custe R$ 25 à companhia, com uma integração ao Metrô, pode reduzir o dispêndio a R$ 15. Ou seja, R$ 10 a menos. “Sem contar que para o profissional também alivia o bolso, uma vez que ele tem descontados 6% de seu salário para bancar sua contrapartida ao transporte.”

Com o modal, Souza afirma que é possível, ao levar, por exemplo, 30 minutos até estação que interligue o Grande ABC e a Capital e, dali, seriam necessários cerca de outros 20 minutos até a Avenida Paulista, totalizando 50 minutos.

“Abre-se leque imenso de possibilidade de empregabilidade. Favorece melhor preparo do profissional ao mercado de trabalho, uma vez que em São Paulo ele tem mais opções de cursos profissionalizantes, faculdades e pós-graduação. Ou seja, se aumenta a capacitação do profissional da região.”


Indústria e TI irão se beneficiar com mão de obra mais qualificada

Um dos principais benefícios derivados da instalação do Metrô no Grande ABC, na avaliação da diretora de recrutamento da Robert Half, Maria Sartori, é a vinda de profissionais qualificados para atuar principalmente nos segmentos da indústria e de TI (Tecnologia da Informação).

“Muitas vezes, realizamos processos seletivos com excelentes candidatos, que desistem de vir à região por conta do trânsito. Se ele não morar no extremo Sul da Capital, dificilmente vem para cá”, explica ela. “E caso o Metrô viesse para cá, com certeza agilizaria o trajeto e ampliaria o interesse dessa mão de obra qualificada.”

A executiva destaca que, pelo fato de o projeto da Linha 18-Bronze prever estações em Santo André, São Bernardo e São Caetano, a região ficaria muito bem servida, o que seria estendido às cidades por onde o modal não passará.

Maria aponta que, inclusive, essa movimentação estimularia a atração de novas empresas para o Grande ABC. Existem estudos que apontam maior interesse de empresários em realizar investimentos em áreas bem servidas por transporte público de qualidade, que é o caso do modal, aponta a diretora da Robert Half, que possui unidade em São Bernardo.

O governo do Estado ainda não bateu o martelo a respeito de qual modal implantará – ele estuda também implementar o BRT (sigla em inglês para sistema de transporte rápido por ônibus) em vez do Metrô. “A vinda do BRT seria positiva, mas o impacto do Metrô é muito maior. Ele nos conecta, e num curto espaço de tempo, a diversas áreas da Capital. A malha metroviária é muito mais extensa do que a do BRT, portanto, seu efeito seria maior”, defende.

Definição é aguardada para o dia 30.
 




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