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Madrasta era um barril de pólvora, afirma promotor
Do Diário OnLine
Com AE
26/03/2010 | 08:27
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O promotor Francisco Cembranelli afirmou na noite desta sexta-feira, durante sua réplica no julgamento do casal Nardoni, que Anna Carolina Jatobá era um "barril de pólvora prestes a explodir". O 5º dia do júri do casal acusado de matar a menina Isabella, 5 anos, em março de 2008, ocorre no Fórum de Santana, na Zona Norte de São Paulo.

Durante sua explanação, o promotor traçou um paralelo entre a mãe de Isabella e Anna Jatobá. De acordo com Cembranelli, Ana Carolina Oliveira era uma mulher que teve uma filha cedo, mas que trabalhava e estava em um novo relacionamento. Jatobá, por sua vez, tinha um filho pequeno, dependia financeiramente da família do marido e havia abandonado a faculdade.

Para o promotor, a madrasta poderia "explodir" a qualquer momento, inclusive com outras pessoas além de Isabella. Ele citou o exemplo de que ela esmurrava o marido e jogava o filho com força no berço quando estava irritada. "A mania de agredir as pessoas fazia parte do cotidiano dela", afirmou. O promotor lembrou que Isabella era muito parecida com a mãe, o que teria despertado a ira da madrasta. “Todas as brigas tinham o mesmo motivo: o ciúme doentio que Jatobá tinha de Ana Carolina", disse.

Com a ausência de provas periciais contra a madrasta, Cembranelli se esforçou para traçar ao júri o perfil psicológico da acusada. Disse que ela se referia à mãe da menina como “aquela vagabunda” e destacou que há pessoas que sofrem “transtorno temporário” por alguma razão.

Cembranelli também apresentou aos jurados fotos dos quartos de Isabella e de seus irmãos para desqualificar o argumento de Alexandre Nardoni, que afirma ter deixado a menina coberta na cama antes de descer para buscar os outros filhos. As imagens mostram a cama de Isabella intacta. Sobre o fio de cabelo encontrado na cena do crime, que a defesa expôs hoje como uma das provas que não foram periciadas, ele questionou: “se fosse algo tão importante, por que não pediram DNA antes?”.

Ao fim de sua explanação, o promotor afirmou não ter medo da verdade. "Quero que eles saiam condenados, porque as provas dizem isso", disse. Passando mal, Anna Jatobá deixou a sala por volta das 18h30 e não assistiu à réplica de Cembranelli.

Acusação - O período da manhã deste 5º dia de julgamento do caso Isabella foi reservado para a tese do promotor Francisco Cembranelli. Na primeira parte do debate entre defesa e acusação, Cembranelli afirmou que o casal Nardoni estava no apartamento quando Isabella foi atirada pela janela do 6º andar do Edifício London, no dia 29 de março de 2008.

"Eles (Alexandre e Anna Carolina) estavam no apartamento quando Isabella foi jogada", ressaltou ele, ao comparar as ligações telefônicas entre vizinhos e polícia no dia do crime. "Isso é ciência, não é crença. Contra fatos, não há argumentos. Eles estavam no apartamento quando Isabella foi jogada", afirmou, categoricamente.

De acordo com o promotor, se fosse verdadeira a hipótese sustentada pela defesa de que o crime foi cometido por uma terceira pessoa seria impossível que Alexandre não tivesse encontrado com o suposto assassino.

Durante a segunda parte de sua exposição, Cembranelli continuou calcado na cronologia e na perícia para colocar o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá na cena do crime.

Ele alegou que o depoimento dos réus não faz sentido. "No momento em que o casal estava lá dentro (do apartamento) é que ela foi defenestrada. Isso é prova científica, senhores jurados. Não cabe contestação", disse ele, usando a maquete para ilustrar seus argumentos.

Roberto Podval usou dois apartes formais - interrupções dentro do código - para criticar a perícia e perguntar sobre as provas, que, segundo ele, não existem. "Como a defesa não pode discutir a perícia, vão dizer que a perita não presta", rebateu o promotor.

Entenda o 5º dia de júri - A sessão desta sexta-feira foi aberta às 10h26, novamente atrasada, com a argumentação do promotor. A madrasta de Isabella foi a primeira a chegar ao fórum, às 8h10, após passar a noite na Penitenciária Feminina de São Paulo. Cerca de meia hora depois, o veículo que trazia Alexandre Nardoni do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros entrou pela porta lateral do prédio. Também estão no local a autora de novelas Glória Perez, que teve a filha Daniela assassinada de forma violenta, e os avós maternos e paternos e Isabella.

Já a mãe da menina, Ana Carolina Oliveira, não acompanha o júri hoje. Ela foi liberada pela defesa do casal na noite de ontem, após passar cerca de três dias isolada em uma sala do fórum à espera de uma possível acareação com os réus, mas está muito abalada.

O casal Nardoni é acusado de homicídio doloso (quando há intenção de matar) com três qualificadoras, que podem agravar a pena final. São elas: meio cruel (asfixia); recurso que impossibilitou a defesa da vítima (jogá-la inconsciente pela janela); e assegurar impunidade de outro crime (o casal teria jogado a menina para ficar impune do que havia feito no apartamento).




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