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Líder do governo compara o MST à TFP
Do Diário do Grande ABC
12/06/2000 | 18:15
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O líder do governo no Congresso, deputado Arthur Virgílio (PSDB-AM), disse nesta segunda-feira considerar o Movimento Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) "uma versao rural da TFP" - Sociedade para Defesa da Tradiçao, Família e Propriedade, entidade católica tradicionalista de extrema direita. Segundo ele, o movimento pela reforma agrária "nao é de esquerda", mas tem uma vertente zapatista (de Exército Zapatista de Libertaçao Nacional, organizaçao armada mexicana), que defende a derrubada do governo, e mantém "ligaçoes psicológicas" com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Segundo o deputado, o MST "passa longe de Karl Marx" (1818-1883). "Marx reconhecia potencial revolucionário nos operários, dizia que nao dava para acreditar no potencial revolucionário do camponês, porque tudo que o camponês queria era acesso à propriedade privada dos meios de produçao." De acordo com Virgílio, o pensador considerava o campesinato, no máximo, reformista.

"Tanto quanto a TFP fazia, com a perseguiçao a padres de esquerda, a D.Helder Câmara (bispo progressista), com a violência, (o MST) é um movimento deploravelmente anti-democrático."

Virgílio disse também que o MST tem uma "estranha participaçao em movimentos de baderna, de desordem", em pontos distantes do campo, a ponto de ter a impressao de que é "um desses bufês que alugam sala para festas", pois "deve estar alugando gente para passeatas." "Porque eu nao entendo: (tem) greve de professores em Sao Paulo, lá vem o MST (participar); greve de motoristas de ônibus em Curitiba, lá vem o MST; nao sei o que tem aquilo a ver com a reforma agrária."

Virgílio deu as declaraçoes após participar de almoço com executivos promovido pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef). "Agora, eles (os membros do MST) sao complicados, têm uma vertente zapatista, supostamente revolucionária, que leva à idéia de que o governo é algo para ser derrubado", atacou. "E este governo foi eleito no primeiro turno, para completar o seu mandato."

O parlamentar declarou que nao pode "cometer a leviandade" de dizer que o movimento é diretamente ligado à Farc, mas disse que o MST pensa de forma semelhante aos revolucionários colombianos que, por acharem que os fins justificam os meios, estariam aliados ao narcotráfico. "Ou seja: o fanatismo é tamanho que pensam: para implantar uma república socialista na Colômbia, vamos trabalhar com o narcotráfico, depois vamos liquidá-lo", afirmou. "É uma coisa assim como ascender o Marcinho VP (Márcio Amaro de Oliveira, traficante recentemente preso) à condiçao de líder revolucionário."

Virgílio, que já militou na esquerda tradicional, disse que se reformou e abandonou essa visao. "Nao acredito que valha tudo", afirmou. "Senao, você está justificando estupro, está justificando roubo, justificando pisar no direito dos outros para chegar naquilo que é a sua visao de mundo."

O deputado disse que "ninguém tem mais força que o governo" e, por isso, o MST nao pode derrubá-lo, mas advertiu que açoes como a do movimento podem trazer as ditaduras de volta à América Latina. Ele declarou ainda que os líderes oposicionistas deveriam ter condenado com mais ênfase a agressao de manifestantes ao governador de Sao Paulo, Mario Covas (PSDB).

Fujimori - Para o líder do governo, o apoio do governo Fernando Henrique Cardoso ao processo eleitoral peruano é justificável sob o ponto de vista dos objetivos geopolíticos e econômicos do Brasil.

"Temos razoes econômicas no apoio a (Alberto) Fujimori (presidente do Peru, re-reeleito sob acusaçao de fraude)", declarou. "Há interesse nítido dos Estados Unidos em desestabilizar o Peru e impedi-lo de entrar no Mercosul." Virgílio disse que as diplomacias do Brasil e dos EUA vivem um momento de contradiçao. "Por isso, apoiamos Fujimori e recusamos o papel de xerifes regionais", disse. "Era do interesse econômico brasileiro adiar as pressoes para que entrássemos na Alca (Area de Livre Comércio das Américas, defendida pelo governo americano)".




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