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RS publica portaria obrigando policiais a avisarem que estao armados
Do Diário do Grande ABC
03/06/1999 | 15:27
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Diante da resistência e da conseqüente crise na polícia gaúcha à sua portaria que obriga policiais a avisarem antes os bandidos de que estao armados, o secretário de Segurança do Governo Olívio Dutra, José Bisol, decidiu nesta quinta ``abreviar o caminho e publicar imediatamente a portaria'.

Ao justificar a portaria que regulamenta e limita o uso de armas pela Brigada Militar e Polícia Civil, Bisol reiterou que ``nao estou aqui para ser secretário das corporaçoes policiais. Sou secretário do governador Olívio Dutra'. A decisao de publicaçao voltará a criar debate acirrado dos delegados do principal órgao operacional da polícia civil gaúcha, o DEIC (Departamento Estadual de Investigaçoes Criminais) quanto a pedir demissao coletiva.

É que eles só desistiram de uma anunciada demissao coletiva quarta-feira com a garantia do Chefe de Polícia, delegado Luiz Tubino, de que a portaria ainda seria uma minuta e estava em estudo, e que nao era decisao definitiva. Mas o anúncio do secretário da publicaçao imediata da portaria reativa a crise.

Uma pesquisa interativa, realizada hoje pela Rádio Gaúcha, mostrou que Bisol nao tem apoio nem da polícia nem da populaçao para sua portaria: 79% dos 1.150 pesquisados em 1h15min se mostraram contra a portaria de regulamentaçao do uso de armas na polícia, e só 21% foram favoráveis.

Caos na Política - O presidente da Associaçao de Cabos e Soldados da Brigada Militar, Pedro Moraes, advertiu hoje que a portaria vai ``criar o caos contra policiais. Só vai criar o temor dos policiais atuarem nos confrontos ou até de se esquivarem do serviço pelo risco das puniçoes'.

A polêmica portaria, que criou uma crise na polícia gaúcha, limita e controla o uso de armas de fogo e, segundo o subsecretário de Segurança, Lauro Magnago, se baseia em documentos e acordos da ONU, assinados pelo Brasil, de 1986 e 90.

O delegado da 4ªDP e ex-subchefe da Polícia Civil, delegado Abílio Pereira, desqualificou a portaria, apontando como origem a ``falta de experiência' na área policial da cúpula da secretaria de Segurança, acusando-a de, até hoje, em compensaçao, ``nao ter apresentando nenhum plano de policiamento do estado, após mais de cinco meses de governo'.

Essa cúpula da secretaria de Segurança, para Abílio, ``nao faz outra coisa senao explicar suas diatribes e cambalhotas administrativas, tentando justificar tantas atitudes equivocadas'. Para ele, nao se pode permitir que nao exista planejamento e atuaçao policial no governo petista, enquanto o secretário de Segurança ``fica baixando portarias, ordens e bulas papais'.

O deputado Joao Osório (PMDB), ex-sargento da Brigada Militar, anunciou que pretende elaborar projeto-de-lei para impedir aplicaçao da portaria da secretaria de Segurança do governo petista, assim que for publicada pelo governo, como prometeu nesta quinta José Bisol.

O delegado Benhur Marchiori afirmou que, com o tempo, ``o bandido vai ter de ser tratado de excelência. A portaria é ineficaz'.

Os presidentes do Sindicato da Polícia Civil, Adélia Porto, e da Associaçao dos Cabos e Soldados da Brigada Militar, Pedro Moraes, criticaram a portaria porque o secretário nao ouviu antes as entidades policiais. Para ambos, nao adiantam portarias e outros documentos ``se nao for mudada a cultura da sociedade e da polícia'.

Mas o presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do RS, Jair Krischke, elogiou a portaria por controlar o uso de armas pela polícia, evitando situaçoes já ocorridas em tiroteios, em que policiais foram feridos à bala pelos próprios colegas.




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