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Deficiente sofre com falta de acesso no ABC
Nicolas Tamasauskas
Do Diário do Grande ABC
19/01/2003 | 19:03
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Usuários de cadeiras de roda que vivem ou trabalham na região enfrentam grandes problemas com a acessibilidade nas ruas e avenidas do Grande ABC. Ausência de rampas para acesso nas calçadas dos cruzamentos, rampas fora das normas e calçadas e ruas esburacadas se constituem em um desafio para quem pretende levar uma vida normal. Acompanhado da arquiteta Rosemary Alonso – munida de uma trema para medir altura, largura e declividade das rampas –, que atua na Avape (Associação para Valorização e Promoção de Excepcionais), o Diário percorreu alguns cruzamentos na região e constatou a extensão do problema.

Como exemplo, na maioria dos cruzamentos da avenida Dom Pedro II, em Santo André, as rampas não servem para nada. No cruzamento da avenida com a rua Caneleiras, no bairro Jardim, a Prefeitura instalou rampa em um dos lados da via, mas não do outro. “Quando o cadeirante vai atravessar, ele acaba tendo de andar em um trecho pela rua mesmo, até conseguir encontrar um ponto da calçada em que a altura é menor, o que provoca risco de acidentes”, disse a arquiteta.

Segundo definição da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), da década de 80, as rampas devem ter uma declividade máxima de 12,5%, para que o usuário de cadeira de rodas consiga transpô-la sem precisar de ajuda. Além disso, devem ter largura mínima de 1,20 m, o que não acontece na maioria dos casos.

Em frente ao parque Celso Daniel está localizada a única rampa construída corretamente em toda a avenida – além de possuir declividade e largura corretas, a rampa possui piso em material diferente do resto da calçada.

A avenida Kennedy, em São Bernardo, é outro exemplo de construção irregular. Exatamente em frente ao ginásio poliesportivo e à secretaria de Finanças da Prefeitura, as rampas possuem largura de apenas 1 m. “Em um local que dá acesso a um prédio público, é fundamental que o acesso esteja disponível”, disse a arquiteta. Cerca de 50 m adiante, as calçadas da pista sentido via Anchieta estão esburacadas.

São Bernardo possui, desde 1993, uma lei municipal que determina o rebaixamento de guias e calçadas. Porém, a Prefeitura do município afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que as adaptações “vêm sendo feitas de acordo com a necessidade”. Segundo a assessoria, as ruas Marechal Deodoro e Jurubatuba e a avenida Caminho do Mar possuem guias rebaixadas, mas terão de ser adaptadas para atender aos critérios da ABNT.

“Na verdade, há lugares da cidade em que se tentou fazer as guias rebaixadas ‘na marra’. A altura não é correta e a distância entre a rampa e o final da calçada impede o usuário de virar a cadeira de rodas”, disse a secretária de Serviços Municipais de Santo André, Miriam Blois. Segundo ela, a Prefeitura irá fazer um levantamento da situação das rampas na cidade.

“Não posso garantir que todas as rampas são construídas dentro das normas, até porque elas vêm sendo construídas há muito tempo”, disse o secretário de Obras de Diadema, Luiz Carlos Theophilo. O secretário afirmou que na revitalização das regiões centrais de quatro bairros – Serraria, Inamar Campanário e Vila Nogueira –, no ano passado, todas as ruas e avenidas receberam rampas de acesso.

As avenidas Goiás e Presidente Kennedy, em São Caetano, também possuem rampas, mas grande parte delas fora de padrão – como na altura da rua Sílvia, onde, além de só haver rampas no canteiro central, elas estão com inclinação irregular.

A assessoria de imprensa da Prefeitura informou que a Duohma (Diretoria de Urbanismo, Obras, Habitação e Meio Ambiente) incluiu a adaptação nas guias e calçadas no projeto de revitalização do Centro de São Caetano. De acordo com a assessoria, as obras de revitalização – que incluem várias intervenções nas vias – já estão sendo realizadas.




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