O tema não está ali de enfeite. Pensa-se em discutir quão freqüente é a perspectiva subjetiva na apreensão da história, o quanto há de autoral numa produção presumivelmente tradutora do factual. João Moreira Salles, documentarista que tem o seu Poesia é Uma ou Duas Linhas e por Trás uma Imensa Paisagem exibido nesta terça-feira no Cinusp, já disse que o mestre Eduardo Coutinho é o único a ter uma proposta de criação no documentário brasileiro. A debater.

Há vídeos a serem descobertos. Tereza, de Caco de Souza e Kiko Goifman, reflete sobre o sistema carcerário bem como Pivete, de Lucila Meirelles. Beijo na Boca, de Jacira Mello, registra o dia-a-dia (ou seria noite-a-noite) das prostitutas da Boca do Lixo. Rua de Mão Dupla é um exercício criativo de Cao Guimarães: pessoas estranhas entre si trocam de endereço durante 24 horas. Atenção para quarta-feira, quando projeta-se Um Passaporte Húngaro, de Sandra Kogut. Menção honrosa no É Tudo Verdade de 2002, o filme traça a saga burocrática de uma brasileira atrás de um passaporte húngaro. A pergunta que não cala entre funcionários do consulado é “por que alguém quer cidadania de um país periférico como a Hungria?”.

Conferência Internacional de Documentários – Mostra de filmes documentais. De segunda a sexta, às 16h e às 19h. No Cinusp – r. do Anfiteatro, 181 (Cidade Universitária), São Paulo. Tel.: 3091-3540. Grátis. Até 11 de abril.