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Como driblar o câmbio nas alturas

Dólar na casa dos R$ 4 e euro quase chegando aos R$ 5 disparam procura por destinos nacionais

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
06/06/2019 | 07:26
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Divulgação


Com o dólar turismo na casa dos R$ 4 e o euro quase chegando aos R$ 5, muita gente se pergunta se vale a pena viajar ao Exterior. Antes de mais nada, é preciso fazer cotações e colocar tudo na ponta do lápis. Embora seja um momento propício para que o brasileiro se tente mais às belezas naturais de seu País quando for se programar para passar feriado ou férias, e de fato exista maior procura por destinos nacionais nos últimos tempos, a pesquisa é sempre o melhor caminho.

De acordo com levantamento do buscador de viagens Kayak Brasil, dos 15 destinos mais procurados no último ano, desde quando as moedas estrangeiras têm se mantido num patamar mais elevado, todos são opções dentro do Brasil.

Segundo Eduardo Fleury, líder de operações do Kayak no Brasil, o ranking sugere que os viajantes estão sentindo diretamente o impacto do dólar mais caro no bolso. “O preço do dólar naturalmente não é o único fator a determinar o crescimento, mas é sintomático que todos os destinos em alta neste período sejam nacionais”, assinalou.

João Pessoa, Capital da Paraíba, é local que lidera a lista de destinos que mais cresceram em buscas por passagens aéreas no último ano, com aumento de 166%. Outros lugares do Nordeste, como Juazeiro do Norte (Ceará), em segundo lugar, com alta de 161%, e Petrolina (Pernambuco), em quinto, com elevação de 149%, aparecem em destaque, mas Fleury destaca que não necessariamente foram os destinos finais dos viajantes, que podem ter buscado voos para essas cidades como portas de entrada para outros destinos turísticos na região nordestina.

MAIS BUSCADOS - O levantamento incluiu, também, os 15 destinos com maior número de buscas por passagens aéreas em maio de 2018 e o mês passado, revelando predominância de locais no Brasil. “A maior parte dos destinos estrangeiros caiu no ranking, com exceção de Buenos Aires (Capital da Argentina) e Santiago (Capital do Chile), que são menos dolarizados e se apresentam como alternativas interessantes em tempos de dólar caro. O peso argentino, inclusive, desvalorizou ainda mais em relação ao dólar do que o real”, afirma Fleury, referindo-se a países vizinhos que, justamente pela distância menor, têm passagens com valores mais atraentes.

Lisboa, Capital de Portugal, que era a segunda mais procurada em maio do ano passado, neste passou a quinto. Nova York e Miami, ambas nos Estados Unidos, que configuravam na quinta e sexta colocações, respectivamente, passaram a décimo (Miami) e 12º lugar (Nova York).

Ao mesmo tempo, Rio de Janeiro e Fortaleza (Ceará) ganharam posições, de terceiro para segundo e de quarto para terceiro, respectivamente.

IMPACTOS - O líder de operações do Kayak no Brasil aponta que é importante destacar que a alta do dólar também impacta os preços de passagens nacionais: vários dos fatores que determinam os preços de quaisquer passagens aéreas são calculados em dólar, a exemplo do combustível. De qualquer forma, a passagem aérea é apenas um dos custos da viagem.

“Para os que continuam buscando viajar para o Exterior, recomendamos comprar passagens com três a quatro meses de antecedência da data da viagem. De acordo com o histórico do Kayak, é quando costumam estar mais baratas. Para passagens nacionais, a antecedência ideal é de um mês”, completa Fleury.

Confira algumas orientações sobre como melhor escolher o destino de sua próxima viagem a seguir.


Cenário não implica desistir de ir ao Exterior nas férias

Apesar de haver muitos sinais de que não seja a melhor hora para visitar Exterior, devido ao dólar nas alturas, e, sim, aproveitar para desbravar o Brasil, nem sempre o passeio em território nacional sairá mais em conta do que a viagem internacional.

Existem dois cenários que devem ser analisados. Um deles é se você já comprou passagem aérea e reservou hospedagem. Outro, é se ainda está pesquisando para onde ir nas férias ou no feriado.

Na primeira situação, solução para adequar o orçamento à disparada da moeda norte-americana (na casa dos R$ 4) ou ao euro (quase R$ 5), é reduzir o tempo de viagem – caso a passagem ainda não tenha sido comprada, apenas o destino tenha sido definido – ou o valor a ser gasto. “Se eu planejava gastar US$ 5.000, posso baixar para US$ 4.500. Basta readequar os gastos, tirando algum passeio, deixando de comer em um lugar mais caro ou mudando a hospedagem. Não é preciso desistir do sonho de viajar para onde realmente queria”, orienta o doutor em educação financeira e presidente da Dsop, Reinaldo Domingos.

Ele alerta também para colocar o pé no freio de lembrancinhas e gastos por impulso, e para se concentrar em desembolsar apenas o dinheiro em espécie que levou, e não o cartão de crédito, a não ser que realmente alguma emergência importante ocorra.

O especialista destaca ser evidente que no Brasil existem muitos pontos turísticos interessantes, e que são pagos em reais, no entanto, é preciso pesquisar o quanto se deve gastar caso a opção seja por destino nacional, uma vez que os gastos no País também são impactados pelo dólar, seja pela maior demanda, pelo preço da passagem aérea ou pela pressão exercida na inflação. “Tudo o que foi pensado um ano atrás pode estar 15%, 20% mais caro, por isso a pesquisa é fundamental. Em alguns casos, viajar para o Nordeste é mais caro do que para Nova York (Estados Unidos), compara.

PESQUISA É FUNDAMENTAL - É aí que entra o segundo cenário, o de quem ainda está apenas buscando na internet mais informações sobre o futuro destino das férias. “Quanto eu tenho para gastar? Para onde quero ir? Quanto custam a passagem, a estadia, os passeios e a alimentação? Tudo isso deve ser levado em conta durante a fase de cotação, antes de bater o martelo”, assinala.

Domingos diz que o mais importante é não extrapolar o orçamento e que, a possibilidade de parcelar a viagem é bem-vinda, porém, só se o passeio for bem-sucedido, senão o viajante vai amargar e muito até chegar à décima prestação.

Ele destaca, ainda, que sempre é importante haver consenso familiar antes de decidir o destino. “Às vezes, acaba frustrando todo mundo, já que o plano era ir para a Disney World (em Orlando, nos Estados Unidos) e não para o Beto Carrero World (em Penha, Santa Catarina). Mudar o mês da viagem ou fazer passeio mais curto pode ajudar. Tudo pode ser colocado na ponta do lápis e alinhado com a família antes da palavra final.”


É possível reduzir gastos em até 30% e poupar para viagem

Tão importante como começar a pesquisar o destino de férias, é iniciar poupança para custear os gastos da viagem. É o que orienta o doutor em educação financeira e presidente da Dsop, Reinaldo Domingos.

O primeiro passo, caso o orçamento esteja apertado, e o desejo por determinado destino seja grande, é possível tomar decisões, em comum acordo com toda a família, para realizar o sonho.

Domingos exemplifica ações que podem contribuir para reduzir o excesso de despesas, no orçamento mensal, entre 20% e 30%. “Dá para cortar gastos com alimentação fora de casa, e até mesmo no supermercado, deixar de pedir pizza toda semana, para a cada 15 dias, reduzir o consumo de energia elétrica e água, ou mudar o pacote da TV a cabo”, cita o especialista. “Além disso, é interessante se os integrantes da família conseguirem fazer um bico ou horas extras para somar a esse valor economizado.

ONDE GUARDAR - Para facilitar o controle dos recursos para a viagem, Domingos recomenda que, logo no início do mês, ou assim que for pago o salário, o ideal é já separar o dinheiro. A aplicação ideal para guardá-lo vai depender de quanto tempo se tem até lá.

Se tiver apenas alguns meses, por exemplo, três, até a data, o ideal é a poupança, pois é a única opção em que não se paga taxa nenhuma ao se retirar o montante.

Se o tempo até a viagem for acima de um ano, vale investir no Tesouro Direto. Neste caso, a situação é ainda mais favorecida se a verba extra para ajudar no orçamento vier toda de uma vez (como de trabalho freelancer, restituição do Imposto de Renda ou pagamento do 13º salário).

Caso o período seja maior, de 36 meses, e for feito planejamento, por exemplo, para viajar no aniversário de 15 anos do filho, e ele tem hoje 12, Domingos aponta que o Tesouro também é indicado, além do CDB, LCI e LCA. “Na média, o rendimento será de 7% ao ano, o que já ajuda a elevar a poupança”, diz.

Por exemplo, sem considerar as taxas, se fossem poupados R$ 5.000 com esse percentual de correção, ao final de um ano se teria ganho de R$ 350.
 




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