Presidente da Câmara de São Bernardo, Ramon Ramos (PDT) tem hoje compromisso com a democracia. Cabe a ele, na condição de dirigente do Poder Legislativo municipal, colocar em votação as contas do ex-prefeito Luiz Marinho (PT), que já há três semanas travam o trabalho dos vereadores. Não há justificativa plausível para tamanha demora. Existem demandas sociais a serem resolvidas no Parlamento. A população são-bernardense não pode ficar, ad aeternum, refém da fragilidade do Executivo, cujo titular não consegue reunir votos suficientes para, no tapetão, tirar um dos principais adversários da corrida eleitoral do próximo ano.

O imbróglio relativo às contabilidades de Marinho relacionadas a 2015 e 2016, especialmente a primeira, já ultrapassou a barreira do bom-senso, constituindo-se em inexplicável obsessão do atual prefeito, Orlando Morando (PSDB). A questão se arrasta há quase um ano, acumulando episódios singulares.

Exemplo? Apesar de o TCE (Tribunal de Contas do Estado) ter dado parecer pela legalidade do balanço de 2015, a Câmara reverteu a decisão, tornando o petista ficha suja e criando empecilho para que disputasse o governo do Estado, no pleito do ano passado – o atropelo jurídico foi tão grande que o ex-chefe do Executivo são-bernardense não encontrou dificuldade para anular a sessão na Justiça, alegando cerceamento de defesa.

É grande a responsabilidade de Ramon Ramos. Ao ser eleito presidente da Câmara, trouxe para seus ombros o peso causado pelas decisões difíceis. Se é verdade, como reiterou diversas vezes nas últimas semanas, que não sofre pressão do Paço para sobrestar a votação das contas de Marinho – e não existe razão para que se duvide da palavra do comandante do Legislativo –, chegou a hora de destravar a pauta. Os vereadores têm obrigações com a sociedade. Já passou da hora de deixarem as questiúnculas políticas para serem resolvidas nas urnas e se preocuparem com os grandes problemas da cidade, que, como mostram as páginas deste Diário, não são poucos.