O estudo da fundaçao começou há quatro anos, a pedido e com recursos da Associaçao Brasileira dos Exportadores de Cítricos, Abecitrus. Cinco pesquisadores da Coleçao de Culturas Tropical, CCT, trabalharam no projeto. Além de desenvolver uma nova metodologia de identificaçao do bacilo no meio ambiente, os pesquisadores verificaram que ele nao faz mal à saúde e suas condiçoes de desenvolvimento sao muito específicas.
"O alicyclobacillus é um gênero novo de bacilo para a ciência", explica Silvia Yuko Eguchi, da CCT. "Ele está presente no solo, nas plantas, na poeira em suspensao e em qualquer tipo de suco, de maça, de pêssego, de abacaxi, proveniente de qualquer parte do mundo, e nao só no suco de laranja brasileiro."
Sob condiçoes muito específicas o bacilo prolifera, alterando o sabor e o cheiro do suco para algo parecido com bacon ou desinfetante. "Isso só acontece quando o suco tem pH inferior a 4 e é exposto a altas temperaturas - superiores a 45 graus centígrados - durante o manuseio ou estocagem do produto reconstituído", diz Silvia. Ela garante que, mesmo alterado, o suco nao causa problemas ao homem. "O bacilo só tem condiçoes de proliferar no suco brasileiro por causa do alto padrao de esterilizaçao alcançado, pois ele nao se desenvolve na presença de coliformes fecais e outros contaminantes biológicos comuns".
Atualmente o Brasil exporta cerca de 1,2 milhao de toneladas de suco de laranja para Europa, Estados Unidos e Asia, sendo 90% a granel e 10% em tonéis. "No país de destino o suco brasileiro é diluído, repausteurizado e embalado para ir para o comércio", explica Eliseu Nonino, da Abecitrus. "Neste momento se manuseado ou estocado de forma imprópria, pode acontecer a proliferaçao do bacilo". Para evitar problemas, a entidade está distribuindo o relatório recém-editado da Fundaçao André Tosello para importadores, embaladores, cientistas e interessados de todo o mundo.
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