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Enfermeiro tenta matar crianças
11/11/2005 | 23:10
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A Polícia Federal prendeu na manhã de sexta-feira o técnico em enfermagem Abraão José Bueno, 28 anos, suspeito de ter provocado parada respiratória em pelo menos 15 crianças internadas no IPPMG (Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Os ataques ocorreram nos últimos 30 dias. Nenhuma das crianças morreu. De acordo com a direção do hospital, o próprio técnico pedia socorro médico para os pacientes depois de injetar medicamentos e constatar a parada respiratória. As vítimas têm entre 1 e 10 anos. Bueno trabalhava ainda na UTI pediátrica do hospital municipal Miguel Couto e na emergência do estadual Albert Schweitzer.

A equipe da emergência do IPPMG, setor que atende 3.300 crianças por mês, começou a desconfiar dos sucessivos episódios de parada respiratória e depressão neurológica (sonolência, torpor) que ocorriam nos plantões de Bueno. Em alguns casos, as crianças tinham conjuntivite ou quadro moderado de asma - nada que justificasse parada respiratória repentina. Parte dos pacientes precisou ficar no respirador para se recuperar. Na última terça-feira, os plantonistas, alertados para as coincidências, destacaram uma médica para vigiar Bueno. Assim que ela deixou o hospital houve dois novos casos.

Uma reunião foi convocada e os funcionários concordaram em mostrar o que carregavam em suas bolsas. Com Bueno foram encontrados medicamentos que podem provocar o quadro registrado nas crianças, como fenobarbital (barbitúrico, com efeito sedativo e anticonvulsivo), midasolan (sedativo) e curare (pré-anestésico), além de seringas e agulhas. “Ele tentou argumentar que andava com esses remédios porque costumam faltar em outros hospitais em que ele trabalha, mas isso não acontece aqui”, contou a chefe da emergência do instituto, Lúcia Araújo.

A parada respiratória pode levar à morte em três minutos ou deixar seqüelas neurológicas. “As crianças que podem ter sido vítimas não sofreram seqüelas. Evoluíram bem em função da assistência prestada”, afirmou o diretor do hospital, Antônio Ledo. Presidente da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil, seção Rio, o psiquiatra Fábio Barbirato alertou que as crianças que sofreram parada cardio-respiratória podem apresentar no futuro dificuldade de aprendizagem ou distúrbios de comportamento.    




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